Tuesday, November 29, 2005

Instantes para uma vida

E atravessaste aquele mar de gente, decidida e determinada, só para me falares.
De repente, fez-se silêncio e estávamos só os dois. O sorriso que me esboçaste abriu caminho até ao meu mundo. A luz que emanou dos teus olhos encandeou-me. Senti a tua alegria em me veres. Senti que ignoraste todos os receios que tinhas e que te libertaste de tantos quantos te prendiam para teres a certeza que te vi. Acredita que já te tinha visto antes de os meus olhos te encontrarem. Sabia-te lá. Sentia-te lá. E por isso me apressei a sair...para que não nos cruzássemos efémeramente na porta.
Gostei de sair e logo instantaneamente os teus e os meus olhos se fixarem, atravessando a multidão que se interpunha entre nós. Gostei que nesse momento te tenhas dirigido a mim de forma tão firme e intrépida. Gostei que tivesses vindo reclamar o que já era teu. Que não tenhas reparado em mais nada nem em mais ninguém até sabermos um do outro. Gostei que tivesses gostado de me ver. E ainda assim tenho medo...

Sunday, November 27, 2005

Menos mal...

Apesar de muito lentamente, as coisas entre Sofia e alguém parecem estar a evoluir favoravelmente. Progressivamente a confiança e o à vontade vão-se instalando e as conversas vão surgindo cada vez mais naturalmente.
Esta noite, para variar, Sofia recebeu multiplos convites para dançar. De cada vez que alguém se aproximava com o intuito de a convidar, eis que outro chegava primeiro. Ainda assim, alguém ficou contente pelos frequentes olhares que trocou com Sofia (que a mim me parecem cada vez mais interessantes). Infelizmente, Sofia estava bastante cansada, pelo que acabou por sair mais cedo. Graças à extensa fila que conduzia à caixa de pagamento, alguém teve oportunidade de encetar uma breve conversa com Sofia. Primeiro mostrando tristeza por se ir embora tão cedo, depois dizendo-lhe que tinha pena de ainda não ter sido hoje que voltara a dançar com ela, ao que esta retorquiu que alguém tem que ser mais rápido (creio que a questão não se prende tanto com rapidez, mas com o número de convites que Sofia recebe para dançar...). Ainda assim pareceu-me que alguém ficou feliz por esta observação de Sofia, entendendo-a como um "convida-me que eu danço contigo".
Curioso ainda o tempo que Sofia demorou a vestir os agasalhos que trazia e o facto de, apesar de cansada, ter demorado uns bons dez minutos até sair...sem qualquer motivo aparente. A não ser que a salsa que passava naquele momento fosse muito do seu gosto. Mesmo assim, alguém ficou contente por Sofia não se ter ido embora sem se despedir de si (e de ter sido deixado para o fim!). Menos mal...

Friday, November 25, 2005

Respira

Dá-me a tua mão
entrelaça os meus dedos nos teus
e respira
Mostra-me um sorriso
e deixa-me ver a luz do teu rosto
e respira
Diz-me um segredo
e deixa-me sussurrar-te ao ouvido
e respira
Acolhe-me nos teus braços
e recolhe-te nos meus
e respira
Não penses no tempo
e esquecerei o espaço
...e respira

Thursday, November 24, 2005

Não percas uma oportunidade...podes perder uma vida!

Sei que leste em mim toda a vulnerabilidade de uma criança assustada. Que percebeste em mim a vontade de o dizer, o anseio de me chegar. Li no teu olhar a permissão, o anuimento, o espaço que me deste para entrar. Mas o desejo sufocou-me e no meio da multidão fui incapaz de nos esconder e te segredar. Engasguei-me na semântica de uma frase cozinhada, demasiado ensaiada.
No reencontro, tentei novo tento...voltaste a anuir, mas estavas afastada, de mim apartada. Comeria os metros que nos ligavam e engoli-los-ia se ninguém estivesse a olhar. Ignóbil. Ninguém estava preocupado, ninguém nos observava. Quis encobrir-nos dos olhares cegos dos transeuntes que nos ignoraram. Ninguém queria saber de mim, nem do que tinha para te dizer. E ainda assim, quiseram as palavras imobilizar-se nos meus lábios travadas pelo pensamento trôpego da minha imaginação ingénua. Desculpa-me tanto receio de me aproximar...tenho medo de te perder!

Tuesday, November 22, 2005

Fraqueza (Humana?)

E voltei para casa de mãos a abanar.
Após o acaso ter colocado o desejo a meus pés, retraí-me, tive medo e fechei-me. Poderei não ter outra oportunidade. Tudo decorreu melhor do que poderia ter pedido e ainda assim não soube aproveitá-lo. Não podia ter pedido mais que um toque no braço, apanhando-me de costas e surpreendendo-me. Não podia ter pedido mais que do que aquele sorriso sincero e feliz. Não podia ter pedido mais do que aquela iniciativa. E ainda assim acobardei-me...tive medo...de quê? Não me ameaçou, não pôs a minha segurança (física) em causa. E ainda assim tive medo. Porquê?
Gostava de entender como fui capaz de agir contra o que desejava. Como fui capaz de contrariar o desejo sem intenção? Porque me comportei contra mim mesmo, porque tenho que lutar contra mim próprio?
Só peço uma nova oportunidade e coerência de vontade nos actos...

Friday, November 18, 2005

Sem título (ainda)

Se tu soubesses os caminhos por onde andei
até chegar aqui
Se conhecesses os desertos que atravessei
para estar perto de ti
Se adivinhasses quantas estrelas contei
quantas luas vi
Se imaginasses como acreditei
quantos sonhos vivi
Se viajasses pelos Mundos que habitei
de quantos portos parti
Se entendesses as experiências por que passei
tudo o que aprendi
Se visses pelos meus olhos os lugares que visitei
pessoas que conheci
Assim saberias quem fui, quem sou, quem serei
e porque te procurei a ti

Wednesday, November 16, 2005

Há momentos assim!!

Poderia começar este capítulo por "e quando menos esperamos...", mas a verdade é que alguém já esperava por este momento há muito tempo!
Quando saímos da nossa aula de hoje, que diga-se de passagem lhe correu super bem (com a aprendizagem instantânea de um setenta e dois com dois penteados da senhora...espero estar a usar o nome correcto; sintam-se à vontade para me corrigir...) eis que, saindo extremamente contente por tal vitória, alguém encontrou Sofia, que aguardava do lado de fora pelo início da sua aula.
Pois bem, e aqui é que as coisas ficaram melhores. Ao invés do que tem sido habitual, Sofia encarou alguém olhos nos olhos e o cumprimento foi super simpático! Sorte das sortes, alguém se enganou cumprimentando-a com um "olá Silvia", motivado pela presença da própria que se encontrava ali perto e pela semelhança fonética dos dois nomes, e prontamente corrigido. Mau grado o engano, Sofia reagiu de forma alegre dizendo "Silvia é a minha irmã", o que não sendo verdade (pelo menos não são irmãs de sangue) viria a gerar tema de conversa, uma vez que alguém já havia tomado uma outra colega, de seu nome Carla, por irmã de Sofia, dadas as parecenças fisicas do rosto de ambas.
Menos sorte, ou talvez não, a presença do ex-namorado de Sofia não permitiu grandes avanços na conversa.
Entretanto, Paula, que alguém havia conhecido no sábado e com quem havia dançado uma kizomba e uma salsa, manifestando uma enorme simpatia que lhe é tão característica, levou a que alguém tivesse que se afastar de Sofia para a cumprimentar. O falatório e comentariado sobre a noite de sábado acabaram por ocupar os restantes minutos...
Ainda assim, há que salientar positivamente o facto de Sofia ter iniciado uma conversa (podia perfeitamente ter-se ficado por um "não sou Silvia, sou Sofia"), de neste momento haver uma maior abertura para futuras conversas entre alguém e Sofia, bem como de existir agora uma lógica sequencial para uma próxima conversa.
Claro que fiz questão de lembrar a alguém que, neste momento, a bola se encontra totalmente do seu lado e que lhe cabe inevitávelmente o próximo passo. Será, portanto, indesculpável que na próxima oportunidade alguém não tome a iniciativa de começar um momento social.
Fiquem descansados que aqui me comprometo a vigiar, controlar e, se necessário, obrigar alguém a comportar-se à altura do que se espera de alguém como...alguém!!

Tuesday, November 15, 2005

Estranho Mundo!

Sempre considerei o Mundo, como uma concha estável e constante, em que só dependia das pessoas a maneira como viviam a vida. Ultimamente, por via de diversas circunstâncias, tenho vindo a tomar uma outra consciencia dele...mais até das pessoas.

Nos ultimos tempos, tenho conhecido pessoas com personalidades/comportamentos que a meu ver são no mínimo bizarros. Atitudes e formas de pensar que, apesar de me considerar uma pessoa com horizontes abertos, nunca concebi serem normais. Mas a verdade é que cada vez mais me convenço que talvez esses comportamentos sempre tenham existido e que eu simplesmente não me apercebi deles...talvez tenha sempre visto um pouco as pessoas à minha própria imagem.

São casos que não quero aqui comentar, por respeito à privacidade dos outros e à confiança que depositaram em mim. São comportamentos, que considero estranhos, sobretudo pelo facto de um dia as pessoas agirem ou falarem (quem sabe pensarem) de uma maneira e no outro fazê-lo de modo totalmente oposto. Eu sempre aceitei que houvesse pessoas assim, nunca pensei é que fossem tantas. Não me refiro exactamente a questões de opinião, ou de principios, mas de atitudes para com os outros. Ou seja, se num dia são tudo para eles, no outro não são nada.

Curioso um caso que aqui posso comentar, por ser da minha inteira responsabilidade (autoria?!?!)...o caso de Sofia. Acho estranho que, depois de ter tido a amabilidade de convidar alguém para dançar, o que pressupunha alguma abertura para iniciarem uma eventual amizade, agora pareça que de alguma forma evita encarar alguém. É capaz de passar a 50cm dele e desviar o olhar como se não o tivesse visto. Não queria pensar que pudesse ter-se passado alguma coisa que a tivesse levado a mudar de atitude...porque para falar a verdade, além daquela noite não se passou mais nada.

Já me questionei se seria uma questão de timidez ou de "já dei o primeiro passo, ele agora que dê o segundo"...mas se for timidez, como teve coragem para convidar alguém para dançar? Não que sinta que ela se tenha arrependido de o ter convidado para dançar....também não me parece que seja o caso. Mas de facto acho estranho este "fechamento". Quase diria que ela não lhe dá abertura a iniciar uma conversa. Também pode ser um conjunto de coincidências que, em todas as situações em que planeou uma aproximação, as próprias circunstâncias o dificultassem. O que a juntar com a natural falta de habilidade de alguém para lidar com as pessoas a este nível, tem tido resultados pouco animadores. A verdade é que a atitude dela não tem facilitado a tarefa a alguém...não sinto que haja um afastamento voluntário da parte de Sofia, mas verdade seja dita, não é das pessoas com quem seja mais fácil iniciar um relacionamento social.

Sunday, November 13, 2005

Ensina-me!


Dizes viver a vida sempre com um sorriso nos lábios, mesmo quando as coisas te correm mal. Dizes que é a melhor maneira de viver. Diz-me como o fazer.
Estou cansado das respostas prontas e dos conselhos fáceis, das palavras que me dizem, com intenção de ajudar, mas que instantaneamente deixam de fazer sentido para esses conselheiros quando se vêem na mesma situação.
Estou farto que me digam para esperar. Estou farto que me digam que a minha vez há-de chegar. Estou farto que me digam que sou boa pessoa e que hei-de encontrar o que procuro porque o mereço. Estou farto que me digam que quanto mais se procura menos se acha. Estou farto que me digam que devo ficar quieto e que devo deixar o Destino tratar das coisas. Estou farto destas vãs palavras que vêm de quem não me sente. Sei que têm boa intenção, mas estou cansado de ouvir sempre a mesma coisa.
Ajuda-me a viver a vida como dizes que a vives. Quero aprender contigo. Ensina-me!

Thursday, November 10, 2005

Era uma vez...


Era uma vez uma mesa. Uma mesa de madeira de carvalho, com um tampo envernizado e quatro pernas. Tinha também quatro cadeiras a condizer. Iam-lhe pondo coisas em cima...livros, dossiers, pastas, pilhas de roupa para passar a ferro, prendas que não sabiam onde arrumar, cadernos de apontamentos com coisas alegres e tristes, os comandos da televisão, maços de cartas por ler e contas para pagar, os trabalhos manuais incompletos...enfim, tudo aquilo que não tinha lugar, era colocado temporariamente em cima dessa mesa. E indefinidamente lá ficava.
A mesa já começara a vergar, sob o peso de tanta coisa, há algum tempo. Um dia uma das pernas partiu-se, mas a mesa não caiu. Ficou titubeando sobre as outras três pernas, sustentanto todo aquele peso acumulado ao longo do tempo. Qualquer toquezinho era o suficiente para a fazer balançar e ameaçava deitar ao chão todos aqueles objectos, que ano após ano lhe foram pondo em cima. Ás vezes, a mais ténue corrente de ar era suficiente para a desestabilizar....mas nunca caíra. E, portanto, lá acharam que podiam continuar a colocar-lhe mais coisas em cima. Até hoje a mesa, apesar de apoiada apenas em três pernas, mantém uma postura esfíngica, um porte altivo...mas quanto tempo aguentará somente com três pernas?

Sunday, November 06, 2005

A Vida sorriu a alguém esta noite

Quando Sofia chegou, alguém já tinha chegado primeiro. Invariavelmente, e à semelhança do que havia acontecido quando se cruzaram anteriormente, iniciou-se a dança dos olhares. A principio Sofia parecia mais envergonhada do que habitualmente, pelo que alguém sentiu que as coisas haviam dado um passo atrás.
Todavia, quando menos esperava, Sofia terminou uma dança de forma algo brusca e dirigiu-se a alguém com um sorriso radiante e cumprimentou-o de forma quase efusiva. Era nítida a reciprocidade com que alguém lhe devolveu o cumprimento cheio de doçura. Ao longo da noite desenvolveu-se a troca de olhares tímidos e inseguros de Sofia com os olhares um pouco mais decididos e ansiosos de alguém.
E quando as coisas pareciam não avançar daqui, alguém ouviu um incentivo para a convidar para dançar. Mas faltou-lhe a coragem e conformou-se. Pensou como seria bom se Sofia convidasse alguém para dançar.
Como que respondendo a esse pensamento, Sofia estendeu-lhe a mão e acenou para pista. Convidou alguém para dançar uma kizomba. Alguém aceitou sem hesitar, mas sempre pensando que o nervosismo lhe iria trair a destreza. Como se enganou...
Alguém me confessou que fora a melhor kizomba que já havia dançado. Sofia estendeu-lhe os braços à volta do pescoço e alguém a abraçou, fechando os olhos e dançou como se fosse a ultima vez. Os dois deslizavam perfeitamente sincronizados e em sintonia. A música parecia que nunca mais acabava. Alguém não queria que acabasse.
Mas infelizmente acabou. Alguém agradeceu visivelmente feliz, com sinceridade e um brilho nos olhos o convite que havia recebido de Sofia. Tentou manter uma postura calma, aguardou uma musica e convidou uma amiga para dançar, esperando assim disfarçar a ansiedade em que se encontrava.
Pouco depois, despediu-se de Sofia e voltou a agradecer a dança, ao que Sofia anuiu com a cabeça. Dois beijos face a face e alguém se afastou. Antes de ir embora ainda trocaram dois ou três olhares, desta vez sem timidez nem embaraço.
Alguém me confessou que nunca uma kizomba lhe dera tanta alegria.

Friday, November 04, 2005

I am the Fox


Não me entendam mal. A verdade é que fiquei indeciso em qual das respostas escolher nalgumas perguntas. Acho que tanto uma como a outra me descrevem...no fundo talvez eu seja um pouco das duas.

Ou talvez eu simplesmente não saiba ainda qual das duas sou.

I am the Flower



Desculpem a falta de originalidade, mas vi isto num blog e fiquei curioso de saber "quem" eu sou. Assim, tratei logo de descobrir que teste é este, fi-lo e eis o resultado.

Se quiserem fazê-lo vão a http://quizilla.com/users/noillusions/quizzes/Saint%20Exupery's%20'The%20Little%20Prince'%20Quiz./

Tuesday, November 01, 2005

Primeiras Impressões!

Hoje acordei a pensar precisamente nisto...bem não tanto nisto como mais especificamente em olhos, olhares.

Há quem tire as suas primeiras impressões de outra pessoa pela roupa que veste, pelo modo de andar, pelo aperto de mão, pelo sorriso, a assimetria das orelhas, pelo nariz, boca, seios, pernas...eu gosto de perscutar o olhar.

Para mim, os olhos são a porta para a alma, por onde entro no íntimo das pessoas. Como são maioritariamente controlados por músculos involuntários, os olhos não mentem, não enganam, revelam a verdadeira essência da personalidade. O olhar desconfiado de quem tem medo de se dar a conhecer, os olhos inseguros de quem não se conhece a si próprio, o olhar arrogante de quem tem o rei na barriga, o olhar meigo e triste de quem procura atenção e carinho, o olhar extasiado de quem adora a nossa companhia. Isto e muito mais retiro de um olhar.

O comportamento dos olhos revela-nos, de forma transparente, nítida e verdadeira, os pensamentos mais íntimos de alguém. Já encontrei os diversos tipos de olhar em diversos tipos de pessoa. Aliás, todos nós em situações diferentes podemos exprimir os diferentes tipos de olhar.

O que me apetece falar hoje, foi o que vi ontem e que já havia visto em ocasiões anteriores. É o tipo de olhar que se confunde entre o desconfiado (ou desconfortável) e o tímido. Tive alguma dificuldade em identificá-lo acertadamente, mas creio que é o tímido.

Há uns dois meses atrás, e mais recentemente há quinze dias, quando o vi pela primeira vez nessa pessoa, estava certo de ser o tímido. Reparei que muitas vezes, bastantes até, aqueles olhos fixavam-se em alguém...mas quando se encontravam com os desse alguém, rapidamente se desviavam para o vazio, local nítidamente mais confortável para Sofia. E, no entanto, momentos depois, voltavam a buscar os olhos desse alguém, como que querendo confirmar que ainda a observavam. Obviamente, esse alguém, retribuindo um interesse que acredita mútuo (e já tendo reparado anteriormente na beleza de Sofia e no seu olhar terno), sentiu-se mais confiante, até pelo olhar tímido dela, em olhá-la directamente nos olhos. E a reacção era invariavelmente a mesma: devolvia por breves instantes aquele olhar nervoso, para rapidamente o desviar e instantaneamente voltar para procurar a confirmação. E ela lá estava.

Recentemente pareceu-me verificar que é de timidez que se trata. Numa outra ocasião em que tive a felicidade de contemplar este jogo dançante, apercebi-me (ou pelo menos assim me pareceu) que Sofia procurou o olhar desse alguém em busca de um simples cumprimento. Aquele limbo em que muitas vezes nos encontramos, sem saber se cumprimentar a pessoa ou não, na incerteza de sermos retribuídos. Pois bem, dessa vez esse alguém encheu-se de coragem e cumprimentou mesmo, o que levou Sofia a esboçar um sorriso aberto e franco que sinceramente me pareceu verdadeiro.

Ontem a situação repetiu-se, mas esse alguém, sentindo-se plenamente confiante, não se fez rogado e cumprimentou-a de imediato com um à vontade que até a si próprio surpreendeu. Não pela coragem que o acto exigiu (que não foi nenhuma) mas pelo facto de o ter feito sem o mais ínfimo nervosismo.

Até hoje, das três ou quatro vezes que Sofia e esse alguém se encontraram, o contacto entre os dois não passou disso: Um cumprimento informal e cordial e algumas trocas de olhares. E agora?


NOTA: Os personagens retratados neste texto são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência...ou não!