Friday, July 14, 2006

Esticar a corda

É das piores coisas que podem fazer-me...testar-me. Tirarem-me as medidas. Eu diria que é das coisas mais irritantes, que mais facilmente me tiram do sério. Sobretudo porque me considero uma pessoa séria e sincera.
E o que mais me desagrada neste tipo de situações é precisamente a minha reacção. Porque aí perco o meu bom senso e toda a minha diplomacia e escouceio. Sei-o, conheço-me, e a consequência destes actos sobre mim é invariavelmente a mesma; torno-me uma besta, brutal, fria, calculista e vingativa. E não pago na mesma moeda...pago a dobrar.
Porque sou um livro aberto, porque jogo limpo com toda a gente, não admito que ponham a minha integridade em causa, que mexam comigo como se fosse um joguete, que estiquem a corda para ver de que lado ela vai partir...porque ela parte sempre do lado mais fraco.
E porque sei que, virado do avesso, não sou flor que se cheire, detesto sentir isto. Porque sei qual vai ser a reacção. Porque sei qual vai ser o resultado.

Wednesday, July 12, 2006

A Planta ou a metáfora para o crescimento de uma flor

Ofereceram-me um vaso com uma semente lá dentro. Quando cheguei a casa, pu-lo em cima da mesa da cozinha. Peguei na cafeteira, enchi-a de água e café e coloquei-a ao lume. Em poucos minutos, verti-a numa chávena e sentei-me a olhar para ele.
Achei que precisava e deitei-lhe água. Rodei-o para que apanhasse sol. Agarrei no livro e pus-me a ler, olhando de quando em quando aquele recipiente de barro, esperando que algo acontecesse. Sorvi um pouco de café fumegante e continuei a ler.
Não me disseram que semente estava no vaso, por isso não sei o que vai nascer dali. Tem terra, tem água, tem sol...é apenas isto que vem recomendado na etiqueta aposta na face lateral. Nenhuma outra informação nos é dada. Nem sobre que planta é, nem que cuidados devemos ter, nada...absolutamente nada.
Espreito outra vez. Ainda não há alterações. O que é certo é que já há muito que não tinha plantas de que cuidar. Não me recordo já do tempo que levam a brotar, crescer e eventualmente dar fruto. Nem de quanto em quanto tempo se deve mudar a terra. Aliás, quanto a esta nem sei se precisa ou deva mudá-la.
Vaso novo...

Tuesday, July 04, 2006

Conclusões Invulgares #1

Ao aterrar, espreito pela janela e vejo este novo mundo. A opção que tomei de começar de novo e tentar mais uma vez faz parte da minha bagagem, forrada com os autocolantes das companhias aéres e marítimas em que viajei.
Este é um aeroporto novo para mim. Uma nova cidade, para uma nova tentativa de recomeço. Mesmo depois de tantos logros as expectativas continuam altas...como sempre. À semelhança do que fazemos a cada novo ano, tomam-se resoluções: para acabar com maus hábitos, vícios, arrumar questões, resolver problemas e prometemos a nós próprios que iremos esforçar-nos por sermos melhores seres humanos.
Inevitavelmente, esperamos que estes recomeços nos tragam a motivação e a inspiração para o fazer. Pelo meu lado, tento imaginar-me sem essas características menos boas e no regozijo que será, mais adiante, olhar o meu passado e ver como consegui tornar-me numa melhor pessoa. Porque me é mais fácil fazê-lo pelos outros ou pelas coisas do que por mim próprio. Porque me é mais fácil fazê-lo em troca de uma promessa de que algo bom irá acontecer. E agora, que mais uma vez acredito ter essa fonte de inspiração, vou tentar começar de novo.
O mais difícil vai ser não me esquecer.

Monday, July 03, 2006

Latitude 0º

Temperatura: 28ºC Humidade no ar: 95%
Céu limpo, sem nuvens, sem vento

Começam a cair em pingas finas. Vêm escorrendo lá de cima, abraçando-nos. São cada vez mais, e de um nada tornam-se um tudo, assim de repente.
É quando menos se espera que aparecem, muitas vezes apanhando-nos desprevenidos e alagam tudo. De um momento para outro mudam a paisagem, trazem-nos um mundo novo. Viçoso, pleno de vida, borbulhando aqui e ali...de todo o lado brotam coisas novas, renascem plantas antigas e como que todo aquele quadro se apresenta lavado e vestido de maneira diferente.
É o cheiro a terra molhada, e o ar mais fresco. É todo o pó que recolhe ao chão. É todo um verde que agora predomina.
São assim as chuvas na latitude 0º...