Wednesday, June 20, 2007

Estarei eu na tua memória?

Um dia conheci uma menina. Ela vive na praia, junto ao mar. Sempre viveu desde que me lembro, até mesmo quando nasceu.
Um dia conheci uma menina. Muito bonita, de cabelo escuro e sorriso expressivo. Sempre foi muito bonita desde que me lembro, até mesmo quando acorda.
Um dia conheci uma menina. Que sempre se sentiu desprotegida e frágil, demasiado sincera para se defender. Não era uma menina perfeita, mas sempre quis ser, e ainda hoje continua a querer ser...demais.
Quando lhe dei a mão senti um toque quente, caloroso e afável, quando por momentos se esqueceu de se defender. É uma pessoa bonita, tem coração e sei que ama. Também sei que já se sentiu muito magoada e que por isso agora veste uma armadura e trata quem se aproxima com desconfiança. E curiosamente, quanto mais a pessoa se tenta aproximar mais ela aperta os fechos da armadura. Faz lembrar os bichos-de-conta que, quando lhes tocamos, se enrolam todos.
Por cima do nariz, no elmo que traz na cabeça, há uma pequena ranhura por onde espreita. É por aí que lhe vejo os olhos. São olhos ternos e meigos, e ao mesmo tempo assustados. É neles que lhe consigo ver o carinho de menina que procura os seus sonhos com jardins e bosques, flores e fadas encantadas. E é neles que vejo que procura um príncipe. Não tem necessariamente que ser bonito...mas forte de carácter, firme nas certezas e valente para a defender...alguém que a faça sentir-se segura. Alguém que lhe proporcione a estabilidade que ela própria não encontrou...ainda.
E é nesses olhos de menina que lhe vejo os seus pensamentos, a constante procura da verdade e da certeza, o constante testar da força e valentia como que experimentando para avaliar se ele a merece e se terá força para segurar a espada diante do dragão.
Não sei se alguma vez sentirá ter encontrado o seu príncipe pois tem demasiadas dúvidas...e quando converte uma em certeza logo arranja outra para a substituir.
Eu conheci uma menina a quem me vou mostrando como um livro aberto, tentando inspirar-lhe confiança, a quem vou enfrentando tentando provar-lhe carácter e a quem vou dando flores para que não desista de sonhar.