Monday, May 25, 2009

Olá

Deves estar a perguntar-te porque te escrevi uma carta...ou talvez não.
A verdade é que gosto de escrever, e aqui baixo eu a guarda e desvendo-me um bocadinho para ti. Gosto de escrever...frases, pensamentos, textos, histórias, momentos e...cartas. Não a toda a gente. Sinceramente, é muito, mas mesmo muito, raro fazê-lo. Além de que o que escrevo é muito meu (e, logo, não partilhável com qualquer pessoa), hoje acha-se muito mais graça aos e-mails e às sms. Tanto um como outro são, sem duvida, muito mais práticos, rápidos e, normalmente, não se extraviam. Mas também são muito mais impessoais, frios e insípidos.
Quando me falaste no teu gosto por coisas antigas, históricas e cheias de história, quando visitei o teu escritório tão impregnado de ti, quando passeei pela tua casa recheada de objectos com um passado, imaginei-te como alguém para quem este tipo de coisas tem algum valor. Não pelo seu carácter romântico, mas pela sua graça e invulgaridade nos dias de hoje.
Imaginei-te sentada na tua cadeira, à tua secretária, com o candeeiro aceso, os óculos postos...a afastares alguns dos inúmeros objectos que descansam no tampo para teres espaço para os cotovelos. Possivelmente terias o "notebook" ligado para que a musica te acompanhasse.
Abrias o envelope com um abre-cartas (sem duvida tens um de metal, certamente trabalhado) e o teu primeiro olhar seria de surpresa. Ao leres as primeiras linhas, ficavas curiosa, não percebendo muito bem o que irias ler...talvez até sentisses algum receio com o que te pudesse ter escrito. Mas, rapidamente, se esboçaria um sorriso no teu rosto com a leveza do tema da carta. Nada mais que uma simples história sobre alguém que te tinha escrito uma carta. A simplicidade do momento trar-te-ia um agradável bem estar.
E, no final, voltavas a dobrar a carta, a colocá-la dentro do envelope e guardá-la-ias com o mesmo sentimento de pertença e protecção que tens à tua colecção de mortalhas. E, quem sabe, pensarias como será bom, daqui a uns anos, reler esta carta...e eventualmente outras que possas vir a receber.
Recostavas-te na cadeira, acendias um cigarro e fixavas os olhos no tecto...e sorrias.

Beijo

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