Tuesday, June 27, 2006

A quem possa interessar

Porque tenho a noção de que a dureza das minhas palavras poderá ter produzido em algumas das pessoas que me lêem, sobretudo as que me conhecem menos bem, uma ideia errónea quero esclarecer uma ou outra questão que levantei no meu post anterior.
Em primero lugar, quero pedir a todas quantas se possam ter sentido ofendidas com a afirmação de que não acredito em mulheres inocentes. Na verdade, eu ainda acredito que há muita gente boa no mundo...acredito mesmo. De tal modo, que a minha atitude em geral é a de depositar confiança nas pessoas até prova em contrário.
Em segundo, gostaria que entendessem que foi de facto um desabafo o que escrevi no post e que, como tal, ele reflecte o pensamento tido numa determinada situação mas, mais grave, um pensamento envolvido pelo calor do momento.
Em terceiro, gostaria de pedir desculpa à pessoa a quem este post se refere. Porque agora, de cabeça fria, vejo que talvez não existam motivos para tanto alarde da minha parte. Por outro, porque ninguém é totalmente inocente, pelo que me pergunto a mim próprio quem sou eu para atirar a primeira pedra...não quero com isto minimizar o que se passou, nem negar que eventualmente possam existir segundas intenções nas suas atitudes e comportamentos, mas por uma questão de coerência...será inocente até prova em contrário.

A Tua Sombra

Ainda sob o efeito inebriante do perfume da tua voz, peço-te que me deixes. Afasta-te por favor. Não vês o mal que me fazes? Serás assim tão insensível? Precisamente quando me estou a sentir bem vens com essas histórias de vir comigo...sabes bem que sou incapaz de te dizer que não...como não o diria a qualquer outra pessoa que mo pedisse.
Sinceramente, nem sei se o que me custa mais é estar sem ti ou estar contigo! Porque continuas a insistir nessa atitude dúbia e porque me custa tanto acreditar na tua inocência como na tua culpa. Porque pareces teimar em manter-me ali, no limbo, na expectativa. A verdade é que também não acredito em mulheres inocentes. E quanto mais o parecem mais sinto que devo duvidar.
Não te darás conta da crueldade a que me submetes? Conseguirei eu passar-te uma imagem de ser tão inexpugnável e inabalável? Caramba...a verdade é que me magoas, ainda que sem intenção, magoas-me. E por isso te peço que vás de uma vez...já percebi que não queres ficar...não como eu quero, e por isso o melhor é ires de uma vez. Não penses que o digo assim da boca para fora. Mas vai por favor.

Monday, June 26, 2006

Tela

E tu linda bailarina
que insistentemente
procuras acompanhar-me
em mais uma dança

Quem, sempre que convido
não encontro escusa ou recusa
Somente um olhar contido
trazendo um sorriso de criança

Fazes-me sentir experimentado
parecendo teres vontade de me conhecer
Não terás tu a coragem
de me perguntar o que quiseres saber?

Saberás quando me esgotarei
se continuares a drenar-me a minha afeição?
Saberei que, ainda que de forma desinteressada,
em ti sinto alguma intenção?

Quando me olhas, falas ou ouves
esperas de mim a resposta
Tentas instigar-me ao impulso
sempre que me provocas

Cuidado...cuida-te, cuida-me
desta vez não quero sair magoado
ferido ou injuriado
Por isso me reservei

Sunday, June 25, 2006

Fruto prohibido

Y eres tu
un poder oscuro
la dueña de mis deseos más carnales
Ensejos animales
por una mujer de negro

Te oígo
hablando-me al oído
Palabras de hechizo
ruido de felino

La distancia se quiera corta
Quisiera encontrar la senda
que me lleva a ti
como una magia que nos ayuntará

Soy culpable de traición
a un amor intentado
por mil veces un sospiro
pero que no hay sido saciado

Jamás te he pedido a Diós
y te he encontrado
Ahora te quiero lasciva
y tu cuerpo desnudado

Thursday, June 22, 2006

Rinneadh taibhreamh dom, rinne mé brionglóid in éineacht le Máiréad

Sem sentido

Quanto fosse o que fizesse
O que trouxe e o que dissesse
Tudo ouvisse e onde estivesse
O que vestisse e o que contivesse

Nada arde no que se consome
Nem acordada nem quando dorme
Quando andasse ou quando corresse
Talvez parasse ou um dia desaparecesse

O que foi, o que é, o que será
Não sabe onde esteve, não sabe onde está
O que tem agora, o que mais desejará
Pelo dia fora, à noite chegará

Quem sabe, o que quis e o que não teve
Se sente o que diz e faz o que deve
Olha para trás e sente a saudade
Vira-se à frente e vive a ansiedade

E assim vai parando
Cega no caminho
o passo estacando
Embriagada, devagarinho

Ignorando lo sendero
lo guardando en el olvido
Nadie encontrando
Creendo que todo está perdido

Com o sol no horizonte

Wednesday, June 21, 2006

O Sirio

No escuro da noite, soa o troar do trovão
o relâmpago ilumina o céu
Vê-se a estrada escura que se estende ao horizonte
as sombras que nela se deitam
Ao longe distingue-se,
nitidamente,
a silhueta esparsa do profeta
movendo-se sob a chuva
Era eu naquele caminho
mas tu não me viste
Nem mesmo quando o clarão
incendiou o breu
Olhaste, com o cabelo a escorrer água
e os braços caídos e a roupa encharcada
e os dentes a ranger de frio
e os olhos tristes, lavados em lágrimas
E não acreditando
voltaste-te e foste embora,
continuando sob a tempestade,
cabisbaixa
Continuaste caminhando
na certeza de que não viras
o que esperavas
nessa tua expectativa

Tuesday, June 13, 2006

Só o tempo não pára...

Adormece a caneta deitada no caderno
a tinta descansa sobre a página em branco
A vida parou...
Vocês imobilizaram-se
Reteve-se o movimento
É um retrato
perdido no tempo
a preto e branco
A lágrima não corre
o sorriso não se esboça
da mente não escorre
nem da terra brota
um pensamento só
O olho não vislumbra
sinal de ti
E só o tempo não pára