Thursday, April 27, 2006

Olha...

Anda cá, quero mostrar-te. Queres ver? Cabe aqui nas palmas das minhas mãos e abri-las-ei para ti...se o quiseres.
Sim, eu sei. Mas ainda assim gostava que soubesses o que tenho. É pequeno, mas é o meu maior tesouro. Sabes? Hoje em dia é ás coisas mais simples que dou valor. Mesmo aquelas que quem as faz ou diz não lhes atribui grande importância. Como aquela lágrima que te escorreu pela face.
Calma. Não penses que acredito que tenha mudado alguma coisa. Não é isso. É apenas o facto de sentir que me começas a entender que me deixa feliz. E sobretudo que te consegui fazer a ti feliz. A mim, por momentos, fizeste-me feliz, hoje. Porque não o esperava. Sinceramente que não. Não esperava nada de volta e muito menos hoje. Fica descansada. Não estou com ideias. Apenas gostei que o tivesses feito. E ainda que o tenhas feito apenas por uma questão de educação, para mim tem um valor inestimável.
Acho que agora começas a compreender o que te estou a dizer. Não é tanto o conteúdo...mas sim o teres feito. Não estou a ler o que fizeste. Estou somente a apreciar o facto de o teres feito e de eu não o esperar. Obrigado

Wednesday, April 26, 2006

Desejos # 1

Esfumar-me na imaterialidade de um ideal
misturar-me no ar que respiro
e embrenhar-me na viagem do pensamento
Percorrer as distâncias
e ao chegar poder ver o que me é invisível
poder ouvir o que me é inaudível
e sentir o que não me é palpável
Saber quanto durará a lembrança
onde viverá o sentimento
com quem se partilhará o feito
Guardo nos bolsos os segundos
contados até ver a luz
que se quer acesa neste momento de ignorância

Tuesday, April 25, 2006

Querida D.

Não sei que dor é esta que me trazes, forçando todos os meus limites. Vergas toda a minha vontade pela raiz. Achei que estava pronto e vejo assim que talvez fosse melhor evitar-te. Tive o desejo de alcançar-te como nunca me senti levado a fazê-lo por ninguém. Toquei-te, sentiste, mas nada mais que isso. Dizes que te surpreendi, levei-te ás lágrimas querendo poupar-te a isso.
Apenas quis mostrar-te. O quê? Não sei. Talvez quem sou, na realidade. Quem se calhar nunca pensaste que sou. Que te ouvi quando me falaste. Que te entendi quando conversámos. Que sinto saber o que procuras. Talvez não saiba. Talvez sigamos por caminhos paralelos que nunca se irão encontrar, apesar de correrem lado a lado.
Desde que me contaste, soube o quanto era importante para ti...tal como se fosse meu. Quis que o soubesses. Não foi puro egoismo. Quis também oferecer-te algo que pudesses recordar. Algo que tivesse um significado profundo para ti. Algo que nunca te deixasse esquecer este dia.
Mas, confesso, queria ser eu a fazê-lo para que soubesses o quanto te conheço. E fiquei contente por te ter alcançado.
E agora, neste final de noite, não sei que dor é essa que me trazes. Sei racionalmente que o melhor seria a tua ausência, mas também sei...

Monday, April 24, 2006

“A todos os navios no mar e portos de abrigo em terra
Para a minha família e para todos os meus amigos e desconhecidos
Isto é uma mensagem e uma oração
A mensagem é que as minhas viagens me ensinaram uma grande verdade
Já tinha aquilo que todos procuram e que poucos encontram
Aquela pessoa em todo o mundo que nasci para amar para sempre
Uma pessoa como eu, da zona de Outer Banks,
do misterioso Atlântico azul
Uma pessoa rica em tesouros singelos que se fez aquilo que é
Um porto onde estou sempre em casa
Não há vento ou problema, nem mesmo uma pequena morte,
capaz de destruir esta fortaleza
A oração é pedir que toda a gente encontre um amor assim
e através dele seja curado
Se a minha oração for ouvida, toda a culpa e todos os remorsos serão apagados e toda a raiva será extinguida
Por favor Deus
Ámen”

in "As palavras que nunca te direi"

Friday, April 21, 2006

Acho que cheguei lá!

18/04/2006

E agora, enquanto vou mastigando a noite, vou também mordendo os pensamentos e roendo a falta que alguém me faz.
Sinto que já atravessei a inóspita estepe e já não estou isolado. Tenho-me a mim como companhia e, ainda que insuficiente, por enquanto basta-me. Encontrei-me comigo por aqui...Não é mau de todo. Acho que reaprendi e reencontrei o prazer de ser meu companheiro. Por vezes sinto necessidade daquele abraço, daquela cumplicidade e intimidade, mas isso já não me provoca sofrimento.
Por esta altura sou capaz de dar valor às vantagens do meu estar só e sentir que ainda o posso aproveitar por mais uns tempos. Sinto a tua falta, mas já não me deixas saudade. Nada mudou e tudo está diferente. Não estou melhor nem pior. Acho que me adaptei. Também aqui encontrei coisas boas. Disponibilidade, liberdade (de tempo, de escolha...), a atenção de pessoas que, de outro modo, não ma poderiam dar.
E por isso vou mastigando a noite, como algo saboroso e que deve ser apreciado com calma, tempo e prazer.

Thursday, April 20, 2006

Do you got a match? Well I do...

Um barco de madeira e o mar
Uma tarde de chuva e uma lareira
O sol e a lua
Férias e uma aventura no deserto
Laranja e azul
Um livro e uma rede
Gelado de baunilha e chocolate quente
Papel branco e uma caneta
Tranquilidade e uma vela de cheiro
Banho e uma cama acabada de fazer
Um passeio na praia e um pullover de lã
Eu...e tu!

Monday, April 17, 2006

Inside Out

Desta vez estou descalço. E não são pedras nem plantas espinhosas que piso. É terra. Macia, castanha escura e levemente húmida. Não de orvalho, pois não está fria. Cheira a clorofila, a verde, a fresco.
No meio de fetos e abetos com quase três metros de altura erguem-se árvores a vinte metros. Maciças, com casca grossa e firme. Não, hoje não há pássaros nem outros animais. Apenas silêncio. Nem vento, nem nuvens...apenas uma bruma leve...como que um fuminho.
Cheira-me a laranjas. Acabadas de descascar. E que ao serem descascadas aspergiram o seu sumo sobre tudo em redor. Não está frio. Não está calor. Diria que o ar aqui à volta está à exacta temperatura do meu corpo.
Ao andar não se ouve o restolhar da terra debaixo dos meus pés nem os galhos a partir-se sob o meu peso. Peso? Não ando...como que deslizo sobre a terra. Olho para baixo. É dela que exala esta neblina transparente.
E ao aspirar este ar, sinto que o meu organismo se limpa de todas as impurezas. Com o silêncio o meu raciocinio apura-se. A minha visão está mais nítida e sou capaz de sentir o andar das formigas debaixo da terra.
Ali ao lado vejo um regato de água límpida. Vejo-o, mas não ouço a água a correr. Estranho. Por mais que me esforce não consigo ouvir nada. Aliás nem ouço os meus pés que agora arrasto no chão tentando fazer barulho.
Quando falo, apenas ouço um conjunto de sons disformes. Se assobio, ouço gritos. Calo-me. Então começo a ouvir. A ouvir nitidamente uma voz que vem de dentro de mim. Não do peito, nem da alma, nem do coração. Deixem-se os poetas desses disparates.
É uma voz que vem da minha mente, do meu intimo sim, mas não da emoção. Da razão.
Sei quem és. Falo contigo todos os dias. Em todos os momentos é contigo que troco opiniões, discuto pontos de vista e converso sobre tudo e mais alguma coisa. Quase sempre é contigo que me confesso. Conheces-me tão bem como eu a ti. Ainda bem que aqui estás. Gosto de falar contigo.

Monday, April 10, 2006

O que estás a fazer?

Sopra essa névoazinha que me nubla o olhar. Diz-me lá, de que ris tu? Porque te aproximas tanto? És tu ou é ela? Ou nenhuma das duas?
Assim, sem que me desse conta, aproximaste-te. Acho estranha a maneira como o fizeste...bem, estranha não será o melhor termo. Se bem que neste momento as minhas faculdades andem muito erróneas...Além de que ninguém é bom juiz em causa própria.
Sabes porque te pergunto isto? Porque já vi essas atitudes e enlevos em outros tempos, em outras pessoas. Gosto...para ser sincero gosto. Fazes-me sentir bem. Porque, na verdade, neste momento já não procuro nada. Resolvi viver um dia de cada vez (na medida do possível) e aguardar serenamente o desenrolar da vida. Aquela sensação, aquele desejo de busca acalmou. Não sinto essa compulsividade impulsiva, e quase obsessiva, de ir atrás. Não, agora vou eu à frente.
Vejo-te comentar certas situações, coincidências ou observações e pergunto para mim próprio: "Que estás a fazer?". Não, não entendo bem o que estás a fazer. Mas na verdade já não entendo nada do que ninguém faz. E pergunto novamente: "Que estás a fazer?". Vais chegando assim, perguntando e metendo conversa. A medo, procuras apoio e cumplicidade nela. E ela alinha. Faz perguntas também. E sorri e conversa. Mas ela não comenta nem faz observações...como tu fazes. E cada vez que olhas para mim pergunto para mim próprio: "O que estás a fazer?".
Aqui há dias, de cada vez que me mexia, sentia que me observavas com receio que me fosse embora. Hoje, cada vez que me mexia, sentia que me observavas para ver o que estava a fazer...e às vezes tenho vontade de te perguntar: "O que estás a fazer?".
Esse teu sorriso, o teu olhar, o teu interesse em saberes coisas. Eh...pois... quem quer saber pergunta. E perguntar não faz mal. E comentar, toda a gente comenta. Na verdade, deixas-me curioso. Não é muito vulgar fazer-se o que tu fazes. Talvez noutros tempos, noutras idades. Não sei se é uma atitude defensiva ou uma estratégia ofensiva. Para ofensiva é um pouco desajustada...desajeitada. Para defensiva é ilógica...mais valia manteres-te no teu canto.
Sabes que mais? Deixa rolar, logo se vê...as coisas são o que são e deitares-te a adivinhar não te leva a lado nenhum.
Mas gostava de saber: O que estás a fazer?

Thursday, April 06, 2006

Se um dia...

Talvez eu até gostasse que me encontrasses...aqui. Assim, que fortuitamente me descobrisses. Que por um acaso aqui viesses dar. Não que te fizesse diferença, mas quem sabe se até gostarias do que descobrisses.
Conhecerias este pequeno mundo que criei onde, da mesma maneira que o fazes pela pintura, venho viver e reviver o que sou. Eventualmente até o que quero ser, ou desejaria ser. Tudo o que está aqui é puro e verdadeiro, nisso podes acreditar. Não aumentei nem diminui o que fiz. Apenas descrevi e descrevo o que vejo, o que ouço, o que sinto, o que sonho, o que desejo. Enfim, seria a mim que ficarias a conhecer.
Mas terias que me descobrir acidentalmente. Não me peças para te convidar. Não que não o queira, nada disso. Mas porque não quero que penses que tenho alguma intenção ao fazê-lo. É verdade...gosto que me tentem descobrir...mas por iniciativa própria e não por convite.
Não convido...nunca convidei ninguém a entrar neste espaço tão meu. Baixar assim a ponte levadiça, abrir a portada de ferro e escancarar a porta? Não consigo. Não me perguntes porquê...responder-te seria fazer precisamente o que mais me custa. Mas se aqui vieres dar no caminho da tua própria viagem e chamares por mim, poderás entrar à vontade. Faz da minha a tua casa. Escolhe os cantos e recantos, salas, salinhas e salões, quartos, sótãos e arrecadações que quiseres visitar. Podes abrir malas, arcas e baús, ler livros, escritos e pergaminhos, abrir garrafas, frascos e caixas, espreitar debaixo, em cima e atrás dos móveis.
Podes fazer o que te apetecer. Só não me faças perguntas...

Tuesday, April 04, 2006

Desta vez não

Falas-me com ternura. Sei que procuras algo quando olhas nos olhos. Sei que queres sentir calor quando dás as mãos. Percebo que procuras conforto e segurança num abraço. Mas desta vez não me vou deixar levar pela candura e carinho do teu trato. Não me vou enganar e julgar que sou diferente. Sou-o, mas não para ti. Para ti sim...mas não assim.
Sei o que buscas, mas não acreditas em mim...e por não acreditares, eu também não vou acreditar. Sei que és assim, simplesmente assim, e não comigo. Antes de encontrares o que procuras, e sobretudo o que sei que tanto queres, tens muitas outras coisas a resolver e terás que te encontrar. Porque a verdade é que neste momento estás completamente perdida, não sabes quem és nem como chegar onde queres.
Ninguém te poderá mostrar o caminho. Terás que ser tu a encontrá-lo. Todas essas questões que tens todos as temos, mas as respostas são diferentes para cada um de nós. E por isso a tua resposta é diferente da minha, a minha da dela, a dela da dele...
Não percas tempo com futilidades e coisas inúteis. Não percas tempo com o que te faz infeliz. Não percas tempo a procurar nos sitios errados. Não queiras que as respostas incorrectas sejam correctas. Esquece isso. Não penses, não analises, não remoas.
As respostas estão em ti e quanto menos força fizeres, mais facilmente elas virão até ti.