Monday, December 31, 2007

Estranhas Coincidências

Ultimo dia do ano, tempo para balanços. Reservei 1h do meu dia para relembrar o ano que passou, não mais...não gosto de olhar para trás.
Apesar de tudo, olho-o com bons olhos, foi um ano bom. Dele trago boas recordações e outras nem tanto assim, mas acima de tudo trago comigo uma grande alegria por ter sido capaz de fazer o que fiz e sentir o que senti. Conseguir atingir um estado de espirito em nos dispomos a tudo, em que nos colocamos sempre em segundo lugar, em que fazemos o possível e o impossível em nome de algo em que acreditamos com todo o nosso ser é, a meu ver, muito importante, um marco na nossa vida que iremos recordar todos os dias, sem excepção, até ao nosso fim.
E também considero muito importante que, apesar de nem tudo ter sido como desejei, continuo a acreditar, a sonhar e a lutar para o conseguir. No meio de tudo, alguns acontecimentos acabaram por me mostrar que por muito perto ou muito longe que estejamos do nosso sonho vale sempre a pena continuar a lutar.
E, estranha coincidência, terminado este ano termino também este caderno, e escrevo as ultimas palavras exactamente na ultima folha.

Saturday, December 29, 2007

Paragem Forçada

Má sorte...ou falta de jeito...
Esta manhã, entrei no mar confiante. As ondas estavam com 1m, uma boa formação e tudo parecia tranquilo. Ainda consegui apanhar 3 ondas. Sentia-se que a ondulação, apesar não ser muito alta, estava muito forte. As ondas arremessavam-nos com facilidade para trás e para a frente. Mas nada que assustasse. Já vi aquele mar bastante mais revolto.
Fiz-me à água, mas as ondas não estavam fáceis. Além de fortes, eram incertas no quebrar. Tão depressa rebentavam no outside como a seguir vinham rebentar na areia. Mas vinham com um «swell» fantástico, convidando a uma boa surfada. Quase viciante. Fazia-me a elas com cuidado, pois não queria que nenhuma me quebrasse nas costas, dada a mudança constante dos «spots». Evitava apanhá-las se visse que estavam prestes a quebrar.
A ultima....traiu-me. Sentado na prancha vi-a formar-se, perfeita, com um crescimento progressivo. Teria talvez 80cm ou 90cm. Era minha. Fui remando, acompanhando o seu crescendo e posicionando-me mesmo à frente do pico que se ia formar. Senti-a levantar, remei para me manter na sua frente e fiz o «take-off». Estava de pé, em cima da prancha, montando a onda quando a senti levantar a crista repentinamente, erguendo-me o «tail». A prancha embicou subitamente, espetando o «nose» na areia e, de imediato, fez-me saltar no ar, virou as quilhas de lado e nesse instante previ o futuro...soube que me ia magoar.
Senti a prancha completamente apoiada no fundo, com as quilhas em riste apontadas a mim. A quilha esquerda ficou directamente apontada à minha coxa, furando-me o fato e cravando-se na carne até tocar no osso. Levantei-me sentindo uma dor no musculo, nada de especial. Mas quando olhei, vi o rasgão no fato e o sangue que derramava. Limpei a ferida com água do mar e vislumbrei o que me pareceu ser o musculo a estravazar pelo buraquinho de 3cm. Não me doia, mas assustou-me. Só consegui pensar no que estaria por debaixo do fato.
Subi a praia com a prancha debaixo do braço, a custo porque me doia a perna. Ao chegar ao paredão, despi o fato e passei-me por água limpa. A ferida tinha mau aspecto. O corte parecia profundo, tinha uma qualquer matéria a debruçar-se e toda a zona circundante apresentava um hematoma. Coloquei uma gaze (pouco esterilizada pareceu-me) sobre a ferida e outra a enrolar-me a perna. Vesti-me, carreguei as coisas para o carro e fiz-me ao caminho. Não me custou tanto quanto pensei, excepto o ultimo bocado da viagem, já na avenida do Hospital, com a ferida a latejar. Pior...não havia lugares perto, tive que estacionar e fazer 100m a pé.
Depois de examinada, o médico descansou-me. Um pequeno corte de 3cm, que seria suturado com 4 pontos e bem desinfectado, uma vacina contra o tétano e 2 a 3 dias em repouso para não sobrecarregar o musculo. E quando poderia voltar ao surf? Não pense nisso nas próximas 2 a 3 semanas. E a salsa? Idem aspas! Aliás, esqueça qualquer esforço nessa perna nas próximas 3 semanas.
Sai contrafeito...conformado, nada a fazer. Além disso, o musculo arrefeceu e agora tudo me custa. Andar, estar sentado, deitado...quanto mais pensar em subir a uma prancha ou dar uns passinhos de dança. Na melhor das hipoteses, com cuidado, posso ir até à praia ou à salsa mas só para ficar a ver.
Enfim, podia ter sido pior. Próximo ao corte passa a artéria femural...se acertasse nela, seria mais complicado. Podia ter sido na zona abdominal...bastante pior, melhor é nem pensar nisso.
O mar ensinou-me....

O Principe das Estrelas

Sob o manto frio da noite e o brilho da Lua Cheia, vi o seu vulto saltando agilmente de telhado em telhado acompanhado do ladrar dos cães.
A figura esquálida, de pernas altas e finas, trazia às costas um saco enorme, mas pulava sobre as telhas sem pôr o pé em falso. Em cada casa, parava e espreitava pelas janelas e tirando algo do saco fazia-o passar pelo vidro, discreta e silenciosamente. E uma luz reconfortante parecia emanar de dentro das casas.
Ainda o vi fazer o mesmo numas poucas de casas até que, ao ver-se contra a luz da lua, se percebeu observado. A sua silhueta alta e esguia aproximou-se de mim e olhou-me no fundo dos meus olhos. Na penumbra, distingui-lhe um longo nariz curvilineo, um queixo saliente sob umas maçãs de rosto muito magras. O cabelo comprido escorria-lhe da testa alta para trás apoiado numas orelhas ponteagudas. Os olhos fundos perscrutaram o meu rosto, como que tentando perceber-me. Durante alguns minutos os nossos olhos dançaram nas faces um do outro, tentando satisfazer a curiosidade imensa que nos dominava.
Sentindo-nos seguros, descontraímo-nos . Os seus olhos, subitamente, amendoaram e esboçou um sorriso amigavel e terno como que dizendo que me tinha conseguido entender.
Piscou-me o olho, como se eu fosse um seu cúmplice, esfregou a mão na minha testa e de um pulo saltou para o telhado de uma casa próxima e esgueirou-se na noite, voando sobre as habitações.
E, num momento, percebi quem ele era...

Friday, December 28, 2007

Dificil de Entender

"Talvez por não saber falar de cor
Imaginei
Talvez por não saber o que será melhor
Aproximei"


E hoje, ao olhar esse papel cujo valor não vai além do que nele está escrito, senti uma saudade. Saudade de ti, ou simplesmente de alguém. De ti, ou a falta que me não fazes mas que sinto.
E não quero...sentir a tua falta, não quero sentir a tua saudade. Ainda não, ainda é cedo.
(...) assim, como quem me diz vai-te não tens nada a ver com isto...

Wednesday, December 26, 2007

O Desejo

No relógio, mexeram-se os ponteiros
Mais um dia se risca no calendário
Mudou a estação do ano
no resto...mais do mesmo

Por isso

Minha vontade presente é só uma
embarcar com destino longínquo
para terras onde não conheça a lingua
por mim acompanhado, somente sozinho

Libertar-me dos usos e costumes diários
das vozes e formas que me são familiares
Aventurar-me em mundos desconhecidos
E assim a alma lavar

Inspirar novos e leves ares
carregados de cheiros incógnitos
aromas fortes e invulgares
cores vivas de olhos atónitos

Ver paisagens inesqueciveis
novas culturas explorar
mundos paralelos invisiveis
desligar e para um novo presente viajar

Tuesday, December 25, 2007

Os Anjos

Luminescente cor de laranja
que perpassa a textura suave
reflectido nos objectos
confortando este espaço

Luz quente, luz meia
desenha sombras e silhuetas
aproxima tudo de mim
e cria o meu canto

De pé aqui deitados
sussurram-me ao ouvido
desfiadas de ideias soltas
guiando-me o sono

Guardiões do meu sossego
imóveis a meu lado
velam por mim com a saudade
de quem aqui os trouxe

Tuesday, December 18, 2007

Maybe it wasn't the time...maybe it wasn't fate...maybe it just wasn't meant to be at all...

Monday, December 17, 2007

É quando o Homem quiser...

Hoje aconteceu-me uma coisa esquisita...fui possuído por um espirito!! Sinistro, dirão alguns...ou talvez não!
Foi ao final da tarde...perto das 17h30. Comecei a sentir-me estranhamente estranho...ao principio foi assim "um cheio" (por oposição a "um vazio") que me foi esvaziando de tudo o que é supérfluo, superficial e negativo...depois, foi-me subindo uma efervescência felizminescente e fosforescente que me iluminou o sistema circulatório...depois uma vontade incontrolável de chamar a mim todos...todos aqueles que de alguma forma marcaram a minha vida!
Enfim, como logisticamente isso se revelava algo dificil, retraí-me, contraí-me, distraí-me...e pura e simplesmente deixei-me evadir e invadir. Deixei-me evadir de tudo aquilo que por principio, defeito ou feitio me dita a forma correcta de agir por forma a manter o meu orgulho e dignidade (sentimentos nem sempre nobres) e deixei-me invadir por uma alegria imensa ao pensar em todas essas pessoas e no que realmente me apetecia fazer por elas.
E num instante toda essa "humildade" (perdoem-me a falta de modéstia) trouxe-me um tão grande sentimento de bem estar e alegria fantástico!!
O espirito de natal, quando encarado como uma época em que de facto nos despimos do que de menos bom temos e pelo menos uma vez no ano nos permitimos ser humanos de verdade, é qualquer coisa de notável. Comprei prendas...não porque o momento o imponha, mas porque me apeteceu de facto encontrar algo que possa de alguma forma representar e guardar para o futuro aquilo que senti hoje por essas pessoas.
A todos vocês um Bom Natal e, tal como eu, deixem-se possuir!! Pratiquem o feng shui da vida!

Saturday, December 15, 2007

Se ainda te perguntas, eu respondo-te que sim...

Thursday, December 13, 2007

The Riddle

Sleepless times
Rolling over our beds
Counting the dots on the ceiling
Watching our lives sewed in threads

Feeling the uncontainable fire
Bursting among our poor fellowes
Rainbows pushing against the wall
Burying our faces on the pillows

Wrinkled sheets over the day
Look at all the mess we made
To remind us of the unforgettable nights
Before the bond starts to fade

Spinning stars around our heads
Like sparkles in the indigo sky
I prefer to recall it all instead
I can't just walk on by

Familiar moments breech in my mind
Confortable warmth growing in my hands
Purity in your soul I anger to find
And when I do, reality...simply...bends

Tuesday, December 11, 2007

Sessenta

60 à hora é o tempo da nossa vida...ou 60 ao minuto...60 segundos em cada minuto e 60 minutos em cada hora...

Monday, December 10, 2007

Posso ser quem quiser

Um menino de côro ou um rebelde
Surfista ou executivo
betinho ou vanguardista
do mainstream ou alternativo
um ser estranho num passeio de balão

Gastrónomo ou comandante de navio
intelectual ou desbundista
um careta ou um boémio
dorminhoco ou médico da vista
um astronauta numa viagem até Plutão

Um gin tónico ou chá de bule
formal ou descontraído
rapaz da praia ou urban cool
conservador ou divertido
um peixe alado com jeito para desenhar a carvão

Um numero ou uma letra
cientista ou cartomante
analfabeto ou pastor
barbeiro ou gigante
um desenho animado vivendo em casa de cartão

Cultivador de bananas ou biólogo marinho
Dono de um império ou feliz
Ilusionista ou fardadinho
viver em Lisboa ou em Paris
um caracol desportista de alta competição

Escritor ou obstetra
Financeiro ou pintor
Visionário ou filósofo da treta
Bravo guerreiro ou orador
Um maluquinho com sonhos de algodão

Posso ser quem quiser...mas nunca serei o mesmo todos os dias.

Sunday, December 09, 2007

Ao vento do "mundo"

Escritas a ouro sobre fundo azul
ficam-me as tuas palavras,
como um zumbido no ouvido,
nitidamente imperceptiveis

Denota a tua candura
um ensejo óbvio e premente
de realizar em breve momento
um desejo há tempos dormente

Mas tu própria hesitas
em escolher a tua vontade
De entre o que tens e o que gostavas de ter,
o que queres não sabes na verdade

Ansiando quem a agarre
atiras ao longe uma corda solta
na esperança de desta vez acertares
e que o destino faça a escolha

Fica assim clara
a tua enorme incerteza
que por palavras vagas
indefine a tua natureza

Friday, December 07, 2007

Nouvelle Vague na Aula Magna (esta noite)




A vocalista calou-se...para nos ouvir cantar!!

Palavras para descrever um concerto destes...não há!! Só indo para crer!
O trabalho que esta banda tem vindo a desenvolver é de uma qualidade indescritível. Antes de mais, pelas covers que fazem de algumas das maiores bandas, do mundo e da história, convertendo as suas músicas ao estilo bossa nova. A interpretação, quer dos instrumentos quer das vozes é de facto fantástica, transportando-nos para um mundo "à parte" (vejam a discografia e vão perceber o trocadilho). Os elementos que compõem este colectivo musical vão-se revezando entre artistas essencialmente europeus (pouco conhecidos individualmente) que, completando ciclos, dão lugar a outros. Talvez por isso seja algo dificil chamar-lhes banda...mas este constante renovar de sangue só beneficia a qualidade do trabalho desenvolvido e do repertório construido.
Em palco devo dizer que poucas, mas mesmo muito poucas, bandas conseguem criar uma ligação tão forte e imediata com o publico como os Nouvelle. Começa logo pelo equipamento cenográfico que só por si é suficiente para criar uma atmosfera super intimista que faz com que nos sintamos praticamente em casa, seja um espectáculo indoors como este ou outdoor como o de Julho deste ano, nos Jardins do Marquês, em Oeiras.
Depois é a vez da banda. Posso dizer-vos (e acreditem que é mesmo muito dificil descrever o que se sente num concerto destes) que a proximidade e intimidade com os elementos da banda é tão grande que facilmente nos conseguimos convencer que são os nossos amigos lá da escola que estão em cima do palco, agarrados aos instrumentos, e a cantar para nós! E mais...eles fazem questão de não estar ali para dar espectáculo, e sim para estarem connosco, para partilharem a paixão que têm pela(s) musica(s) e por tocá-las. Não houve uma unica musica em que os Nouvelle não nos pedissem para cantarmos com eles, para dançarmos, marcarmos o ritmo, trautearmos...enfim, sempre e a todo o momento fazem questão que estejamos lá com eles.
Eu tive a sorte de ir ver os dois concertos que deram em Portugal este ano e, se mais houvessem, mais iria ver. Por isso, na próxima oportunidade, não deixem de os ver...verão que saem de lá com uma perspectiva muito diferente do que é um verdadeiro concerto.

Thursday, December 06, 2007

Amanhecer

Destrinça-me o pensamento
em dois de sonho e realidade
uma praia de palmeiras virada a sul
e uma rua de sentido unico

Penso que ouvi cantar
a voz sublime e sibilante
o som do retrato trocado
esfumado na neblina de antes

Não fora só o desejo
de domar a eterna verdade
desses lábios soltando um beijo
que foi moldando a vontade

Sopra a brisa leve
como uma carícia meiga
descendo por esse véu
que ora muda de cor

E no despertar da manhã
entre a luz que bate à janela
fico dividido pela força do sonho
que se debate com a confusa realidade

Monday, December 03, 2007

Feng Shui para pessoas

A arte do Feng Shui é quase tão velhinha como o Mundo e nasceu onde nasceram todas essas artes milenares que têm como unico fim o nosso bem-estar: a China!!
Basicamente, o que o Feng Shui nos diz é que todos nós, bem como os objectos que nos rodeiam, somos energia. Por isso, na construção (no sentido mais lato da palavra) de uma casa há que estabelecer uma ordem de forma a que essa energia possa fluir de forma natural e, assim, contribua para um equilibrio natural que se traduz no nosso bem-estar. Na essência desta filosofia está o conceito de que, em termos externos, a orientação do edificio, os materiais utilizados, a organização das divisões e, em termos internos, a escolha dos objectos, das cores e a sua disposição no espaço contribuem para o fluir das energias positivas ou para a criação de barreiras que as tornam negativas.
Da mesma maneira, acho que o conceito se aplica às vidas das pessoas. Eu já descobri o meu Feng Shui e utilizo-o diariamente para manter em alta a minha boa disposição (e também para contrariar os dias menos bons...)
Assim, e pegando nos principios essenciais, tento que tudo o que me rodeia contribua de uma forma ou de outra para o meu bem-estar. Obviamente, tudo começa pela minha casa. Descobri recentemente (há coisa de um ano talvez) a diferença que uns cortinados podem fazer pela minha sala ou pelo meu quarto, tornando a minha estadia neles bastante mais agradável. Depois, fui estendendo o mesmo principio a minha vida quotidiana. Por exemplo, eu considero-me uma pessoa que tem alguns cuidados com a alimentação, mas se me apetece um doce já não me impeço de o comer, porque se ele me traz bem-estar nem que seja por breves momentos, é sempre bem-estar. Da mesma forma, se me apetece sair, mesmo tendo que trabalhar no dia seguinte, saio porque, mesmo sabendo que vou estar cansado no dia seguinte, ao menos diverti-me quando me apeteceu.
Entretanto, passei para a roupa. Hoje em dia fujo dos tons neutros e escuros e aposto muito mais nas cores vivas e o que é certo é que, além de me darem um ar muito mais enérgico e alegre, inconscientemente contribuem para que eu próprio me sinta assim! Aprendi também que de facto devemos, dentro do possível, procurar peças de roupa que nos fiquem bem. Não aquelas que ficam bem nos manequins da montra ou aos outros, mas aquelas que nos assentam realmente bem...em nós!! E muitas vezes compensa aquele extra que temos que pagar por roupas de marcas mais conceituadas, porque de facto têm um corte muito melhor.
Como não descanso nesta minha Antropo-Sociologia auto-didacta, comecei a perceber também a influência que as nossas acções têm nas outras pessoas e vice-versa. E deste modo, reparei que quanto mais bem disposto eu estiver, maior é a probabilidade de ver essa atitude reflectida nos outros e, consequentemente, a atitude dos outros para comigo ser recíproca, ou seja, quanto mais bem dispostos andarmos melhor os outros se vão sentir junto de nós e, como numa espiral, melhor vamos estar junto deles. Essencialmente, nesta fase, o truque está em rodearmo-nos de pessoas que estejam bem consigo mesmas, bem-dispostas, alegres e carregadas de energia positiva e afastarmo-nos de pessoas pesadas, carregadas e negativas. Não quero com isto dizer que deixemos os nossos amigos que não estão nos seus melhores dias fechados em casa. Nada disso!! Estou a falar, não das pessoas que por um motivo ou outro se sentem tristes, mas daquelas que nunca estiveram nem nunca estarão de bem com a vida.
Mas, esta característica do efeito acção-reacção ainda tem outros efeitos extremamente benéficos porque esta energia acaba por ser transmissível, desde que estejamos dispostos a isso. Sempre que algum amigo(a) está a atravessar uma fase nublosa é muito fácil - se praticarmos estas ideias - ajudá-lo(a) a dissipar essa névoa, passar-lhe esperança e conseguir que acreditem que melhores dias virão. Porque, de facto, eles vêm sempre!!!
E toda esta minha teoria não se fica por aqui. Porque, se não é nenhum segredo mágico para levarmos a vida sempre alegres e contentes, ela leva-me a aceitar as dificuldades com naturalidade e alguma descontracção dando uma ajudinha a encontrar a solução e tentar aproveitar o melhor da vida.
Por ultimo, mas não menos importante e sempre presente, o cuidado que tenho em lembrar-me de alguém que sempre se esforçou por enfrentar a vida com um sorriso nos lábios. Por muito mal que as coisas corressem, essa pessoa encarava as coisas como factos consumados e, uma vez que não vale a pena chorar sobre o leite derramado, a sua atitude era sempre a de atirar com as coisas para trás das costas e seguir em frente. Com um sorriso nos lábios!! (Sim, eu aprendi muita coisa contigo)

Saturday, December 01, 2007

O Fruto (Proibido)

Gosto de kiwi. Gosto do cheiro de kiwi. Gosto do contraste da sua pele castanha com o verde da polpa. Gosto das suas sementes pretas e do raiado branco no seu coração. Gosto do nome: kiwi.
Gosto de kiwi. Gosto da sua textura suculenta e sumarenta e da maciez da sua carne. Gosto do seu pêlo ligeiramente áspero e do travo ácido.
Gosto de kiwi. Mas só pela manhã...é quando faz bem...não é? Tenho saudades do kiwi(vi) pela manhã.

Thursday, November 29, 2007

Diz-lhe que estarei à espera no sitio habitual...

- 'Tou?
- Walter?
- Sim.
- Sou eu. Está tudo bem?
- Está!! E contigo???
- Também...quer dizer...o meu carro avariou e não sabia a quem havia de ligar...
- Mas está tudo bem contigo?
- Sim, foi só mesmo o carro...
- E onde estás?
- Na marginal...ia agora para casa...fiquei parada aqui em S. Pedro.
- Queres que vá ter contigo?
- Não te importas?
- Não...

*

- Então, estás aqui há muito tempo?
- Um bocadinho...desculpa este transtorno...
- Deixa lá...por acaso estava despachado. Tive que ir ao Cascaishopping, comprar uns sapatos e aproveitei para fazer umas compras de Natal.
- Sapatos para andar de fato?
- Não...casual...meio sapato, meio ténis...olha, gostas?
- São giros...devem ficar-te bem...
- Vamos lá ver o que se passa com o carro...
- Não sei o que aconteceu, vinha a andar e de repente parou...simplesmente desligou-se e não andou mais...um carro novo....
- Hum...não me parece que possamos fazer nada...o melhor é chamar o pronto-socorro...mas deve demorar pelo menos uma hora...estás com falta de sorte...
- Não sei se estou...
- Diz?
- Nada, nada...sabes o numero?
- Sim, eu ligo para eles.
- Obrigada.
- Como eu já esperava...pelo menos uma hora vamos esperar.
- Aproveitamos para pôr a conversa em dia! O que tens feito?
- Olha, estou satisfeitissimo com o meu trabalho novo, adoro o que faço, temos bom ambiente, os resultados estão a aparecer em todos os aspectos! E o surf está a ser tão bom como eu pensava. Além do exercício (extra, além do ginásio) ainda mantenho o bronze durante todo o ano.
- Continuas a ir à salsa?
- Continuo! É outra coisa que me faz muito bem. Tenho feito muitos amigos novos e as pausas que me proporciona durante a semana de trabalho são óptimas. Mas, e tu? Que tens feito?
- Arranjei um emprego novo também!! Sinto que encontrei o meu lugar! Tal como tu, também tenho bom ambiente e o trabalho é motivador, desafiador e com perspectivas de futuro!
- Tu mereces. Batalhaste muito por isso, e apesar de inicialmente as coisas parecerem que estão a correr menos bem, acabam por melhorar quando te esforças!
- Sim, finalmente parece que tudo se está a endireitar.
- E que mais tens feito?
- Olha...não me sobra muito tempo. Além de termos muito trabalho, decidi mesmo investir na minha carreira e estou de facto a dedicar-me a este projecto para conquistar o meu lugar. Fora isso, tenho saído de vez em quando com os amigos...mas saídas calmas, mais para descontrair.
- Já aí vem o reboque. Estás despachada.
- Até me sinto mal...mas posso pedir-te mais uma coisa?
- Sim...
- Levas-me a casa?
- Levo.

*

- Estás entregue.
- Obrigada...mesmo, a sério!
- Não agradeças, foi de boa vontade.
- Agradeço sim.
- OK. Não precisas, mas fica-te bem.
- Podíamos combinar encontrarmo-nos um dia destes...um café ou jantar...
- Podemos...

Monday, November 26, 2007

"Control"

Um filme fantástico sobre os Joy Division e o seu malogrado vocalista e líder, que se suicidou aos 23 anos.
Esta banda de culto, que se tornou um marco indelével na história da musica alternativa underground do final dos anos 70, é sem sombra de dúvida um elemento fundamental na discografia de qualquer "connoisseur".
Inspirados por algumas referências da altura como David Bowie, Iggy Pop, os Buzzcocks ou mesmo Sex Pistols, estes quatro rapazes de Macklesfield, Manchester, seguiram um caminho próprio, ainda que com algumas alusões a Jim Morrison e aos The Doors, traçando as linhas essenciais do underground dos anos 80.
Não tendo tido uma carreira de popstar, o seu percurso fez-se essencialmente em bares e discotecas obscuras e o seu publico era constituído maioritariamente por jovens adeptos deste movimento.
Quando finalmente se preparavam para uma digressão de duas semanas pelos Estados Unidos, dá-se o trágico acontecimento que pôs fim a uma das bandas mais marcantes da época.
Após a morte de Ian Curtis, os restantes elementos prosseguiram o seu rumo fundando os New Order que, apesar de recolherem algumas tendências dos Joy Division, enveredaram por um caminho diferente, eventualmente mais pop, seguindo a corrente electrónica dos anos 80, através da presença constante dos sintetizadores.
Neste filme (produzido por Debbie Curtis, a mulher de Ian, e baseado num livro que a própria escreveu), que conta com a participação da bela Alexandra Maria Lara, Anton Corbijn retrata a vida de um jovem de Manchester com um dom muito próprio para a poesia e que sempre quis sair de Macklesfield. À semelhança de muitos jovens da sua idade, Ian sentia-se incompreendido o que, aliado a uma personalidade algo depressiva e à epilepsia diagnosticada por volta dos seus 20 anos, trouxe ao mundo uma perspectiva muito peculiar da realidade e da vida, mas também enormes dificuldades de adaptação social e aceitação da sua própria doença.
Ian Curtis morreu a 18 de Maio de 1980, a menos de dois meses de fazer 24 anos...

Sunday, November 25, 2007

Run

I'll sing it one last time for you
Then we really have to go
You've been the only thing that's right
In all I've done

And I can barely look at you
But every single time I do
I know we'll make it anywhere
Away from here

Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear

Louder louder
And we'll run for our lives
I can hardly speak I understand
Why you can't raise your voice to say

To think I might not see those eyes
Makes it so hard not to cry
And as we say our long goodbye
I nearly do

Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear

Louder louder
And we'll run for our lives
I can hardly speak I understand
Why you can't raise your voice to say

Slower slower
We don't have time for that
All I want is to find an easier way
To get out of our little heads

Have heart my dear
We're bound to be afraid
Even if it's just for a few days
Making up for all this mess

Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear

Snow Patrol

Friday, November 23, 2007

Contrariedades

Esta noite sinto a falta...daquele calorzinho, daquele tom, daquele verde.
Queria...fechar os olhos e embrenhar-me naquele mar de águas mornas com aroma de sal.
Queria...fechar os olhos e ver aquele verde cristalino de rara beleza que poetas inspirou.
Queria...fechar os olhos e descontrair-me, não arrumar nada e viver o agora.
Esta noite tenho vontade...de esquecer o tempo, parar o relógio e viver o momento.

Tuesday, November 20, 2007

Nem para o título tenho cabeça

Sinto-me cansado....mesmo muito cansado. Tenho 3 dias de férias para gozar e, logo agora que não faria grande mal, o coitado do meu colega adoeceu...trabalho a dobrar. O bom tempo está a voltar, seriam 3 dias que dedicaria em exlusivo a mim próprio e ao surf. 3 dias para pegar na minha prancha nova (que ainda só tem meia dúzia de ondas) e fazer-me à estrada. Para longe...talvez até à Costa Alentejana ou mesmo quem sabe até à minha praia preferida...Não me apetecia mais nada senão isso. Restam-me os fins de semana. Enfim, podia ser pior. No sábado e no domingo lá estarei, numa praia perto de si...

Monday, November 19, 2007

Marialva, Concelho de Meda, Distrito de Bragança (ou será Guarda)

A receita para um fim de semana espectacular consegue ser tão simples que nos faz sentir um bocado...como hei-de dizer...carneiros!
Estive em Marialva, a convite de um parceiro da empresa onde trabalho, uma pequena aldeia perdida na serra, onde as casas ainda são de granito, o aquecimento é feito a lenha e as pessoas são por demais amistosas!
O caminho até lá é fácil, relativamente rápido e confortável, já que temos auto-estrada até à Guarda e depois temos apenas uns 40km em estrada secundária com óptimo piso. Apesar do frio (à passagem pela Guarda registámos -3,5ºC e na estrada secundária apanhámos -4.5ºC), é um sítio óptimo para desligarmos da rotina do dia-a-dia já que a quebra com o ambiente urbano é total.
Depois de 4h de viagem (com uma paragem pelo caminho) fomos recebidos pelos proprietários das Casas do Côro, gente que parece da cidade e que levou para a aldeia todo o refinamento possível. A casa, um velho celeiro totalmente recuperado, manteve a traça da arquitectura local, com grossas paredes em granito da região suportando traves em aço pintado de cinza onde se apoia o telhado em madeira maciça. O chão é de xisto preto, contrastando com as cores claras das paredes interiores. O mobiliário antigo, também ele recuperado, alia-se perfeitamente com o design moderno quer dos equipamentos da casa (casas de banho, bar, caixilharias, portas, etc.) quer das peças decorativas que embelezam o espaço.
Os quartos, inseridos em casas à volta do edificio principal, mantém a mesma conjugação moderno-antigo, dotados de todo o conforto necessário para suportar as condições climatéricas mais adversas.
A comida é divina...embora baseada nos ingredientes tradicionais da região, a confecção e apresentação é contemporânea, moderna e actual. A cozinha, não sendo excepcional, tem uma óptima qualidade, recomendando-se tanto as sopas, como os pratos e as sobremesas.
Outro dos pontos atractivos da zona são precisamente as suas paisagens agrestes com montes e vales de uma beleza extrema, onde se respira algo de histórico e muito natural. Num passeio todo o terreno, experimentámos o prazer de pilotar pick-ups em caminhos de dificuldade satisfatória. Para quem gosta deste tipo de aventuras, este é um local excelente, com vistas magnificas e um ambiente que, apesar do frio, se torna aconchegante de tão familiar.
Em jeito de conclusão, recomendo vivamente que tirem um fim de semana para darem um saltinho até Marialva. Vão gostar!

Sunday, November 18, 2007

Benevolent-W

Descrição - O Benevolent-W é um tónico de características naturais e com resultados comprovados no tratamento de todas as maleitas:

- Foro ósseo - artrites, reumatites, ossites, articulites, falta de cálcio, excesso de cálcio, cartilaginites, otites, dermatites e todos os outros problemas de ossos.

- Foro muscular - cãimbras, tensões, musculites, contracções, distracções, entorses, distensões, endurecimento, necessidade de relaxamento, torcicolos, dores nos pés, pernas, braços, costas e ombros.

- Foro psicológico - Neuras, indisposições, más-disposições, quebras de auto-estima ou sua insuficiência crónica, necessidades vitamínicas do ego, falta de mimo e atenção, stress, recuperação emocional, bem como todos os casos de crise existencial.

Principio activo - O principio activo do Benevolent-W é o coraçanus molus, uma molécula de origem natural cuja acção se manifesta pela necessidade constante de disseminar o bem-estar. Este, em combinação com os restantes componentes do Benevolent-W, exerce uma acção de massagem nos órgãos e sentimentos afectados pelo cansaço, dor ou com baixo nível de existência, eliminando as fontes de incómodo e recalcamento, promovendo o bem-estar geral do utilizador.

Posologia - Ao que parece, tomar quantos comprimidos quiser, sempre que pelo menos um destes sintomas se manifeste e/ou quando lhe apetecer.

Contra-indicações - Benevolent-W não possui quaisquer contra-indicações, podendo ser tomado em tratamentos prolongados sem risco de adicção e com um desmame fácil e imediato. Não tomar Benevolent-W em conjunto com outros medicamentos semelhantes.

Efeitos secundários - Os únicos casos reportados descrevem algumas dificuldades na toma do comprimido pela sua dimensão. Foram relatados casos raros de urticária, enfadanço e falta de apetite.

Wednesday, November 14, 2007

Agora

Dorme um pouco mais
Aninha-te aqui
e fecha os olhos

Esquece essas alucinações
Desliga-te do antes e do depois
Entrega-te ao agora

Dorme um pouco mais
deixa-me abraçar-te
e sossega

Não arrumes nada
Descontrai-te
Sente-me aqui, ao teu lado

Dorme um pouco mais
deixa-te ir
eu tomo conta de ti

Liberta-te das preocupações e dos medos
Entra no teu sono
E continua...não pares

Dorme um pouco mais
Solta-te do dia
E não olhes para trás

Dá-me a tua mão
Os teus cabelos
A tua respiração

Dorme um pouco mais
Aproveita o momento
e deixa-te estar aqui comigo

Tuesday, November 13, 2007

O Segredo Secreto do Grão-Vizir da Loja 8

Nos sapatos, atacadores mágicos que vão às compras sozinhos. E, entretanto, umas folhas de jornal, que esvoaçam pelo chão empurradas pelo vento, vão até ao parque fazer um piquenique. As formigas, que não foram convidadas, resolvem aparecer e começam a jogar ao berlinde. Gritam e esbracejam, fazendo algazarra, e o passeio intervém tentando pôr ordem na confusão.
O dique, que ainda não tinha chegado, veio acompanhado da corrente de ouro, que nos tempos livres gostava de sair do pescoço da ilustre senhora para espairecer. Esta, mãe de uma linda jovem, apreciava música clássica e limpava o pó dos móveis com os punhos da camisola, coisa que a adolescente odiava por lhe riscar as almofadas onde gostava de se deitar a ouvir a relva a cantar acompanhada da buzina.
Era um automóvel recente, desportivo e com ar de miúdo rebelde, aspecto atlético e voz rouca. Só o yogurt o podia conduzir, só ele tinha mãos para o dominar. Mas um dia, um prédio, que ia visitar um amigo, atravessou-se na estrada e foi por pouco que conseguiu evitar o acidente. E desde aí o yogurt nunca mais conduziu. Mas pelo menos, conheceu a viola e até hoje são inseparáveis.
Já o cuzcuz, um marroquino árabe muçulmano com ares de lunático (talvez por gostar tanto da lua) gostava de coleccionar colchões e um dia, numa visita à Islândia, provou um gelado que lhe soube a tinta da china e escreveu um poema a que chamou "a minha mão de pêra-abacate". Diz o candeeiro, que alguém mudou o título e ficou famoso. Soube disto por um avião que atravessou o Atlântico a nado, vindo das Américas, e tanto gostou de o conhecer que acabou por lhe oferecer a sua casa de férias para que lá ficasse sempre que lhe apetecesse.
Não é que a mochila se importasse, mas ter que atravessar todos os dias aquela alameda cheia de iglos chateava-a. Mais pelo barulho que as cadeiras faziam a saltar à corda do que pelos cristais aos encontrões uns aos outros. É que o seu retinir atraía as abelhas que, de tanto sairem à noite, andavam sonolentas e a voar às curvas. O que provocava um zumbido estranho nos ouvidos.
Só os óculos é que adoravam ver a caneta dançar. Os outros bocejavam...afinal já era meia-noite, o telemóvel estava a dormir à muito e o papel estava todo arranhado. O despertador disse então ao candeeiro para se apagar e a janela ordenou à lua que não deixasse o menino sozinho. Só se deveria ir embora quando o sol chegasse.
O pão com queijo despediu-se das telhas, a rua disse adeus ao sr. polícia e a igreja foi lavar os dentes.
Entretanto, sosseguei e disse boa noite ao esparguete. Até amanhã Marco Polo!

Monday, November 12, 2007

Aunque por esta noche...

Empezamos nuestro camino
en una carretera de oro
una senda sin destino

No quiera hechizar-me
ni tampoco incendiar-me
pero solo quedar-me
cerca de nadie

Mis sueños
van al cuadro
con dos o tres personajes

No quiera perder
el tiempo ni el lugar
pero solo correr
hasta el fin del mundo sin parar

Sin duda
no se olvidará
el pasado asi

Un hogar he de encontrar
mi casa le voy a llamar
una ciudad, un ensejo, un deseo
por ahora sólo puedo soñar

Sunday, November 11, 2007

Yves Larock - Rise Up

Uma da músicas e videoclips que me anda no ouvido e no olho! Ás vezes, uma ideia tão simples tem um efeito tão forte...

Thursday, November 08, 2007

Some men see things as they are and say "why?"...I dream things that never were and say "why not?"

George Bernard Shaw

Dois Mares

De águas mornas
com aroma de sal
e murmúrios de "patois"

E navegar nesses mundos
de calor equatorial
verde cristalino
de cor tropical

Porquê, não sei
de mitos e lendas cheio
tempestades e borrascas
aos navegadores instilou receio

Mas é rara a beleza
com que Deus no criou-lo
que a poetas inspirou
e aventureiros encorajou

Porquê, não sei
de criaturas e seres fantásticos
o Criador o povoou
se para experimentar a valentia
de quem se atreveu e o medo desbravou

E é serena constante
de marés de tranquilidade
incerta que está
da fé e inspiração
de quem procura a sua serenidade

Monday, November 05, 2007

Duende

E vi esse pequeno
a pairar entre milhões de bolhas
que subiam em direcção ao céu
rodeando-o, dançando à sua volta

Quis então flutuar a seu lado
e sentir o mesmo encanto
com aquela leveza que o envolvia
e que não sabia explicar

Maravilhado que estava
perante aquele mundo translúcido
em que permeava a luz
e imperava o silêncio

De onde pendiam correntes de brilhos
ecoando em sons de festa
sob chuva de Verão
num embalo de adormecer

Sunday, November 04, 2007

Manifesto Editorial

A criação deste blog teve, na sua essência, como objectivo unico e fundamental tornar públicos alguns (não todos) dos textos que escrevi e vou escrevendo. Neles narram-se histórias reais ou fantasiosas, relatam-se situações e acontecimentos, expressam-se opiniões, explanam-se teorias, divaga-se sobre ideias e pensamentos...enfim, escreve-se.

Desde o primeiro post, foram (e continuam a ser) três as premissas que conduzem este blog, a saber: a veracidade das coisas que aqui são ditas, o respeito pela privacidade dos outros e o direito de resposta.

Sobre a primeira há que dizer que, excepto no caso das narrativas fruto da minha imaginação e que me parece óbvia a sua identificação, nunca aqui foram escritos quaisquer factos ou dados que não correspondam à verdade. Exceptuam-se também os posts cuja veracidade não foi confirmada, desde que tal esteja clara e indubitavelmente explícito.

Quanto ao respeito pela privacidade dos outros, e uma vez que esta não é nenhuma publicação jornalística, sempre pautei por salvaguardar a identificação de pessoas, locais ou outros dados que eventualmente possam conduzir à identificação do(s) interveniente(s). É uma regra que já me tem trazido alguns dissabores, porque se uns "agradecem" a manutenção do seu anonimato, outros identificam-se com o escrito e sentem-se visados pelos textos.

Por ultimo, e não menos importante, o direito à resposta é condição sine qua non deste blog. Da mesma forma que me dá prazer reflectir e opinar sobre os assuntos, as pessoas e/ou os acontecimentos, também tenho que lhes proporcionar o direito ao exercício da sua defesa. E assim, posso garantir que nunca em caso algum foi negado esse direito fosse a quem fosse. Todavia, como é óbvio, a este blog reserva-se o direito de filtrar o uso de linguagem ofensiva de cariz gratuito ou a utilização de linguagem imprópria (que, felizmente, nunca aconteceu...Agradeço a Deus a educação e o nível dos que me visitam!!) bem como a sua utilização com o intuito de veicular informação inútil - vulgo spam.

Resta-me, portanto, salientar que além destas três premissas o estatuto editorial deste blog se orienta exclusivamente para a divulgação das opiniões, ideias, teorias e histórias que o seu editor (Je) considera pertinentes sem qualquer intenção de ofensa, difamação ou atentado à reputação e boa fama seja de quem for.

Bem, e depois de toda esta lenga-lenga juridico-legalo-oficial (digam lá, até parece que foi um jurista que emitiu o documento não parece???) quero apenas dizer que tudo o que aqui escrevo reflecte essencialmente opiniões, pontos de vista e estados de espírito sem intenção de ferir as susceptibilidades de ninguém.

A quem alguma vez se sentiu injuriado ou injustiçado pelo que escrevi, deixo aqui as minhas mais sinceras desculpas e reitero desde já o direito que vos assiste de se manifestarem.

Mais uma vez obrigado por me visitarem e pela atenção que me dispensam!

Bjos (para elas) e abraços (para eles)

Saturday, November 03, 2007

Há pensamentos que mais vale deixar mudos no silêncio da nossa mente...
Se eu deixasse sair pela boca tudo o que me voa na cabeça, chamar-me-iam louco...

Wednesday, October 31, 2007

Vidas

Não tens sonho por que almejar
Os luxos que tanto gostas não te faltam
Assim não é fácil seres feliz
Não tendo que lutar pelo que tanto dizes querer

Acomodas-te, porque afinal os objectivos de que tanto falas
não passam de castelos de ar, vulneráveis à mais leve brisa

Porque, no fundo, só uma coisa te importa
e não são os sacrifícios e cedências a que te obrigarias
para teres uma chave só tua por exemplo
mas, sim, não perderes as mordomias a que te habituaste

Assim não é fácil seres feliz
quando ao errares e sofreres as consequências
te ris delas tentando mostrar que não te abalaste
Mas sei que te feriu mais o orgulho do que
o passo atrás no teu sonho de sono leve

Afinal não és assim tão diferente da imagem que odeias que tenham de ti
a tua luta contra esse preconceito tem pernas curtas
e cansa-se depressa
Porque no final vence a criança que tens em ti
e tanto medo tem de crescer

Wednesday, October 24, 2007

A Estalagem

Vejo-vos aproximar de novo e não vos quero aqui. Nem a vocês nem aos que vêm na vossa esteira. Arredem-se pois não são bem vindos. Somente acolherei os que vêm dos campos de fora dessa estrada.
Acabei de limpar e arrumar tudo para receber os outros, tenho as camas lavadas, os quartos varridos, a mesa posta e a comida ao lume. Abriguem-se aqui os que procuram abrigo, cansados ou esperançados, de longas e curtas viagens, das terras do sol ou da neve.
Os que vêm por bem, de coração sincero e alma pura...entrem, refresquem-se e sentem-se à minha mesa. Têm sopa, pão e vinho para distrair a fome enquanto o jantar acaba de fazer. Alimentem-se e recobrem as energias, fortaleçam o corpo e descansem o espírito, acomodem-se e partilhem...o espaço, a comida e o conforto.
Fiquem o tempo que quiserem, enquanto estiverem bem e por bem. E contem-me as vossas histórias...narrem-me as vossas aventuras.

Wednesday, October 17, 2007

Sol na casa 6, lua na casa 8

17/10 (hoje) às 2h09 a 18/10 às 19h11



Sol e Lua entram em harmonia entre os dias 17/10 (hoje) às 2h09 e 18/10 às 19h11, Walter, permitindo a você uma consciência mais crítica acerca das coisas que estão em sua vida, mas que não servem mais. Este é um momento de depuração muito forte, em que o joio é separado do trigo e, deste modo, você pode renovar sua vida, jogando fora o lixo (físico e mental). É um momento de maior recolhimento emocional, e não convém envolver-se em muitas atividades sociais nestes dias. Aproveite para descansar e fazer uma análise honesta daquilo que você pode até gostar, mas que não faz mais sentido prático em sua existência.

Monday, October 15, 2007

Relacionamentos

Há qualquer coisa de especial num convite para a casa de alguém. Se vêem as coisas como eu, a casa é talvez dos locais mais intimos que temos, que maior privacidade exige...e se pensarmos que é o sitio onde fazemos as coisas mais importantes da nossa vida, tais como dormir, comer, onde vivemos com a nossa familia ou a sós, compreenderão o que digo.
Convidar alguém para a nossa casa é convidar para partilhar da nossa privacidade, para participarem da nossa familia, para viverem um pouco da nossa vida. Sei que a maior parte das vezes, quando convidamos alguém, nem sequer pensamos no assunto...muitas vezes se tudo corre bem, nem depois nos lembramos disto. Mas se as coisas não correm bem aí já nos sentimos completamente ultrajados e desrespeitados, porque afinal é a "nossa casa"!!! Portanto, mesmo para quem não tem a mesma perspectiva que eu, se calhar isto até faz sentido.
Ainda mais especial do que convidarem-nos para entrar na sua casa (que já de si representa bastante) é convidarem-nos para nos sentarmos à mesma mesa, partilhar da mesma comida, da mesma bebida, da mesma companhia. Já pensaram bem, quando convidam alguém para as vossas casas, o que isso implica? A meu ver, é talvez a maior prova de confiança que alguém nos pode dar...a etapa mais importante no desenvolvimento de uma relação. Sentarmo-nos à mesma mesa que os pais, os irmãos, os filhos, os amigos mais antigos de alguém é o mesmo que nos dizerem: "vem, senta-te e sê um de nós!".
Talvez muitos achem que estou a exagerar...mas pensem bem no que representa convidarem alguém para partilhar do vosso espaço mais íntimo. Depois digam-me o que pensam sobre isso.

A minha praia deserta

Nâo me apeteceu vir de carro. Deixei-o lá e vim a voar. Precisava de apanhar vento e vim pelo caminho mais longo, no meio das nuvens.
Por pouco não esbarrei na lua...Nova. Valeu-me a luz das poucas estrelas que ainda estavam acordadas, porque vinha mesmo completamente distraído. Além de vir a pensar em tudo menos no que tinha pela frente, vinha a ouvir uma música (de uma banda sonora) que levou os meus sentidos para outro lugar. Saí completamente atordoado e zonzo e como fuga só mesmo essa praia a meio caminho entre o Indico e o Pacífico, ignorada e inexplorada. De areia branca como neve e água azul-esmeralda, foi o meu ponto de fuga. É lá que vou passar esta noite porque é a única maneira de hoje manter a minha tranquilidade.
Tenho milhões de pensamentos e ideias a atravessar-me a cabeça como se fosse uma autoestrada e todos em excesso de velocidade. Tinha prometido a mim mesmo, há pouco, que não ia deixar que isso voltasse a acontecer e não posso deixar mesmo.
Começo logo a magicar e imaginar e sonhar acordado e não pode ser. É tudo muito bom mas não é assim que quero as coisas.
Hoje durmo aqui na minha praia.

Sunday, October 14, 2007

Conversas contigo

Mas...mas onde é que foste arranjar esse caderno? E que caderno é esse com as linhas todas tortas? Como é que alguém consegue escrever alguma coisa nisso?
Eu sei que és bom escritor, já li e apreciei coisas que escreveste. Aliás, além da sabedoria do que escreves, que revela sem dúvida um grande domínio sobre todos os assuntos, tens sempre uns finais surpreendentes.
Quanto ao enredo, não há qualquer questão a colocar. Gosto da maneira como fazes desenrolar uma acção complexa, através de um sem número de personagens, sem quaiquer falhas, lacunas ou incongruências.
Também gosto da forma como, nas tuas tramas, não há pontos sem nó. Todos os eventos, acontecimentos e acasos têm a sua razão de existir, até mesmo os mais insignificantes que, como no efeito borboleta, acabam por desencadear outras situações que reflectem a sua indispensabilidade para o resultado final.
Elogio a forma como narras a tua história, conseguindo alternar momentos mais tranquilos com crescendos de suspense encaixando sempre, de forma mais ou menos subtil, umas pérolas didácticas que nos ajudam a manter o interesse e nos orientam no seguimento dos factos.
Só não sei é se prefiro ler do princípio para o fim e viver todas essas emoções, ao momento, experimentando a paz dos capítulos mais descritivos e a adrenalina dos mais agitados ou se, ao contrário, prefiro ler primeiro o final e manter a boa saúde do meu músculo cardíaco. É que, apesar de gostar de surpresas e coisas inesperadas, algumas das tuas histórias deixam-me completamente em sobressalto!
Bem, mas voltando ao início, não consigo perceber como vais escrever nesse caderno. E muito menos consigo antever o que vais escrever...vá lá, conta-me só um bocadinho...só a pontinha do iceberg...não? Vou ter que esperar que escrevas tudo? Ai, ai...que seja então!

Saturday, October 13, 2007

She's the happiest girl to ever hold a martini

Bem sei que é tudo brincadeira, é gozo, é reinação. Sinceramente não sei se o quero de outra maneira. Gosto da nossa disputa, da nossa competição para ver qual se sai melhor. E a única intenção é vencermos.
Eu de um lado, tu do outro. Uns dias eu mais inspirado, outros tu. Outros ainda, nenhum de nós e então não brincamos. Passamos um pelo outro quase sem nos vermos. Gosto dessa falta de necessidade de estarmos sempre presentes, da troca constante. Ambos sabemos o que queremos e quando queremos. É onde quisermos.
Gosto do teu sorriso quando brincamos, quando deixamos a competição de lado e alinhamos na mesma equipa, alternando defesa e ataque. Gosto do teu sorriso quando não estamos em campo...aberto, solto, puro. E rasgas os olhos aumentando a expressividade do teu rosto. Gosto dos teus plurais em xis e da tua cor bronzeada. E gosto da tua ansiedade quando esperas ouvir alguma coisa.
Sei quem és e o que esperas. Tudo e nada. Uns dias uma coisa, noutros outra. Mas uma coisa é constante...em ti, não em mim. Antes assim pois sou mais fácil de satisfazer. Talvez procuremos coisas diferentes, ou talvez a mesma com objectivos distintos. Mas pelo meio vamo-nos divertindo demonstrando aos outros, em jeito de brincadeira, que o interesse não é mútuo.
Pelo menos somos felizes, estamos bem dispostos e partilhamos uma tontice.
A nós!!

Thursday, October 11, 2007

Boa Sorte / Good Luck - Vanessa da Mata feat. Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte

Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That’s it
There is no way
It over, Good luck

I have nothing left to say
It’s only words
And what l feel
Won’t change

Everything you want to give me
It too much
It’s heavy
There is no peace

All you want from me
Is’nt real
Expectations

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais


Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha

Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who poisoned you

There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
so many special people in the world in the world
All you want
All you want

Tudo o que quer me dar /Everything you want to give me
É demais / It too much
É pesado / It’s heavy
Não há paz / There is no peace

Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais/ is’nt real
Expectativas / Expectations
Desleais

Now were Falling into the night
Um bom encontro é de dois

O Profeta das Formigas

Costuma dizer-se que só é cego quem não quer ver.
Eu vejo o que tu queres tapar. Como não gostas de flores? Escondes debaixo dessa tua manta velha, a mágoa e o ressentimento que associas ao relacionamento humano, ao desenvolvimento da proximidade e da intimidade, à interacção instintiva entre homens e mulheres.
Sim vejo. Já o tinha visto antes de o dizeres. Sem te saber, já te conheço e prevejo as tuas reacções. Joguei contigo, não por maldade, mas para ter a certeza de que estava certo. E reagiste. Queres ser unica, a principal entre todas. Demonstras essa força, essa indiferença, essa superioridade, esse controlo e autodomínio.
Estendi o indicador e o médio, apontei e acertei-te em cheio na ferida. Conheço bem esse terreno que pisas a léguas de distância, e sou capaz de caminhar sobre ele de olhos vendados. Sabes quantas vezes assisti a esse jogo? Nos camarotes? Nas bancadas? Na arena? Até nos bastidores?
Conheço-o bem. Bem demais até! Já conheci quem o jogasse melhor que tu, com mais requinte, mais frieza e maior capacidade de encaixe.
Toquei-te na ferida e doeu-te..eu sei. Não foi para te magoar, mas para te mostrar que não sou mais um. Para te mostrar que não ganhas nada. Não sou maquiavélico, nem nenhum monstro. Apenas aprendi a jogar esse jogo com alguma dureza. Mas tenho fairplay. Depois compenso-te. Prometo!

Tuesday, October 09, 2007

Talvez entre...

Asa do meu pensamento
relógio do meu tempo
fugaz momento

Luz da minha razão
com tuas paredes
pintadas de verde-
-lima que arde em minha mão
como água que me escorre por cima
saudando-me de sensação
ardor e tentação

Não corras, não andes, não fujas
não te afastes, não te acanhes
não te aproximes e encurta a distância
porque só assim me satisfazes
no fogo dessa elegância
ao meio de lutas audazes

E agora é a tua vez
já parti a minha metade
missionei o mensageiro
a meu soldo, eu sei,
brava jornada tem pela frente
vã não se espera

Mas para já não te faço promessas
não que não queira
mas que não posso
ser injusto contigo
que nada fizeste
mais do que...existir

Apenas tentarei
acender uma luz no teu caminho
para que não desarmes,
nem te sintas só
mas que acredites
com fé e carinho
no teu futuro

Wednesday, October 03, 2007

Aniversário

Hoje faço 32 anos, e tinha pensado rebuscar o meu ser, o meu intimo, a minha alma e postar aqui algo especial...algo que marcasse este dia. Mas, entretanto, recebi a melhor prenda da minha vida...ter a minha mãe! Essa mulher fantástica, insubstituivel, invencível e cuja proeza Deus só tinha conseguido fazer uma vez: com a minha avó! São duas mulheres sem igual! Espero que também vocês possam dizer o mesmo das vossas. Mais, desejo mesmo que o possam sentir tão do fundo como eu! E se o sentem, corram para os mails, para os telemóveis, para os blogs e digam-lhes o quanto gostam delas! Porque todas as vezes que o fizerem serão poucas!
Comecei por dizer que queria escrever algo de especial neste dia, mas fiquei sem palavras e somente consegui verter...enfim, deixo-vos aqui o que a minha mãe me escreveu neste dia. Sintam vocês o que vos tocar na alma...

"Para o meu filho

Seis horas de, há precisamente 32 anos, de uma manhã cheia de sol, de esperança mas também repleta de ansiedade, lá do outro lado do Atlântico Deus dizia-me que o filho que esperávamos havia quase sete anos estava prestes a chegar.

E chegou realmente, às vinte e uma hora desse bendito dia, um rapagão com uma pele tão macia quanto vermelhinha, uma cabecinha que se assemelhava a um ouriço cacheiro, tal não era a amostra de cabelinho alourado, um rosto em que sobressaíam uns olhos tão azuis, tão meigos, tão lindos, mas sobretudo tão transparentes que conseguíamos ver a sua alma límpida tão pequenina, mas já tão grande, tão generosa como só uma mãe consegue ver.

Essa alma límpida que viria a tornar o meu bébé no HOMEM honesto, justo que olha o seu semelhante sempre de frente, nem de baixo para cima nem tão pouco de cima para baixo, somente quando este precisa de ajuda, para lhe estender a sua mão amiga. Um homem que sabe o que quer, porque luta cada dia pelos seus ideais, juntando a essa luta diária e titânica de todos nós, um pouco de sonho, de magia e porque não de inconsciência, como se em alguns momentos da vida, te tornasses nesse bébé com que Deus me presenteou e abençoou.

Aqui fica o meu simples comentário a tudo aquilo que me confiaste, deixando-me ler alguns dos teus estados de alma, muitas vezes tão íntimos. Obrigado por seres como és e para além de tudo teres-nos escolhido para Pai e Mãe.

OS SONHOS SÃO TODOS AO MESMO PREÇO, nunca esqueças isto. Muitas vezes precisamos sonhar para nos Mantermos de Pé e Sentirmo-nos um pouquinho mais felizes."




E agora digam-me lá se o segredo da vida e da felicidade é assim tão dificil de descobrir??

AMO-VOS AVÓ, MÃE, PAI e MANA

Tuesday, October 02, 2007

Ainda te vai levar um tempo...

Tão grande valor tem
o que tanto exigiu
para se deixar conquistar
depois de a noite que viu
em dia se transformar

Tão irrisório se revela
o que esforço não demanda,
sacrifício ou suor,
o que na vida não nos ensanda
traz alegria ou fulgor

E a tudo só damos valor
o que nos custou a alcançar
para nós nada vale
o que é garantido ou oferecido
sem por isso termos que lutar

E só lhe sentimos a falta
quando deixamos de ter
ou receio de perder
o que nunca foi nosso
se por isso não batalhámos

Saturday, September 29, 2007

Uma salada e talheres para 2

Afinal pareces ser tudo (ou quase tudo) o que eu pensava. Nós, que andamos sempre ás turras, a desdenhar um do outro, como fazes com toda a gente, acabámos por almoçar juntos. E tal como eu calculava não és nada aquela pessoa fria e distante que aparentas.
Não tendo nada a mostrar nem nada a esconder, porque só estávamos nós, revelas-te uma pessoa agradável, simpática e amigável. Reservada, sim, mas a pouco e pouco vais falando mais sobre ti e sobre a tua vida. Mais do que a privada, tão só porque és assim e esta foi a primeira vez que estivemos só os dois, continuas a falar da profissional. Somos colegas, é verdade, mas não é por isso que te reservas.
Vejo que há em ti uma falta, um qualquer vazio (que me é) familiar que tentas preencher com os amigos e os não tanto assim. Falaste da tua irmã, da tua mãe, do teu cão, não te tendo ouvido falar do teu pai. Falaste da tua casa, das tuas férias, dos teus interesses. Até, de forma superficial, falaste das tuas prioridades e, apesar de concordar com elas, parece haver algo de estranho em ti, algo que queres manter fechado mas que te marcou.
Curioso...quase diria que consegui perceber o que é mas não quero meter-me na tua vida.
Acima de tudo, fiquei contente com a tua amistosidade. Achei bonito quereres combinar esse fim de semana de grupo e gostei do teu entusiasmo. Não gosto de pessoas apáticas. Tens qualquer coisa de parecido comigo e acho que é aquele prazer intenso e imenso com as coisas pequenas.
Já sei que depois voltamos ao mesmo, mas por hoje gostei de conhecer o teu lado mais puro e genuíno, mais simpático. Bom resto de fim de semana e até 2ª feira.

Thursday, September 27, 2007

Yin & Yang

No outro dia, quando nos encontrámos, comentaste que eu estava diferente, que parecia mais feliz, com um ar de quem está bem consigo próprio.
É verdade, tudo isso é verdade. E foi tão simples...
Reencontrei muito de mim, que há algum tempo havia esquecido. Sabes, comecei a perceber tanta coisa sobre a vida, as pessoas, sobre mim próprio que de facto hoje me sinto muito mais feliz, e muito bem comigo mesmo.
Redescobri o prazer de fazer tanta coisa que gostava, de fazer tanta coisa nova e, sobretudo, desenterrei projectos antigos que agora estou (finalmente) a concretizar.
Sinto-me como que iluminado...de repente acendeu-se uma lâmpada e comecei a ver tudo de uma forma bem mais clara. Hoje em dia, muitas mais coisas são nítidas para mim. Lembras-te da "Filosofia de Vida"? O retrato imutável?

"Enquanto os elementos que compõem o meu cenário não estiverem no sítio certo, é tempo de ir à luta, de batalhar, de trabalhar por aquilo que quero, onde quero e quando quero.
Idealista, sonhador, irrealista...chamem-me o que quiserem...Minha vida é realizar os sonhos que idealizei.". Lembras-te?

Sinto-me em paz, porque já nada me assusta...nada me mete medo. Tudo me traz alegria. E quanto mais me sinto assim, mais coisas boas me acontecem. E tanta coisa boa me tem acontecido...
É tudo uma consequência do efeito de acção/reacção.

My song

My dream
is to ride
over the wave
so high

My dream
is to ride
under the rain
and fly

My dream
is to merge
into the water
so dry

My dream
is to keep
over the edge
and glide

Rise up, rise up
so high
over the rainbow
direction's sky

Tuesday, September 25, 2007

Coisas que aprendi

E acima de tudo sinto-me tranquilo.
Para mim é quase histórico...foram 3 anos bem atribulados, muita coisa aconteceu nesse período, a uma velocidade demasiado rápida para que eu assimilasse tudo. E agora obriguei-me a travar. As coisas não podem ser assim, vividas como se não houvesse tempo. Um dia de cada vez! Para ser saboreado...se gostarmos para o apreciarmos, se não gostarmos para nos educarmos.
Deixámos de ser crianças, é verdade, mas continuamos a crescer, o mundo continua a girar e ainda há muita coisa para aprender. Precisamos educar-nos para escolhermos acertadamente, para evitarmos os erros, para apreciarmos com maior prazer. Não podemos estagnar a pensar que sabemos tudo. Não sabemos nada.
E viver significa crescer, sempre, a toda a hora, todos os dias. É como ouvir música...para educarmos o nosso ouvido, temos que ouvir (um pouco) de tudo. E só depois sabemos o que gostamos.
Aprendi muito nos últimos quase doze, catorze anos da minha vida, conheci muita gente e felizmente tive a sorte de passar por elas com os olhos, os ouvidos e, acima de tudo, a mente bem aberta. Considero-me satisfeito e sei-me feliz por tudo o que aprendi e hoje sou o que sou, tenho o que tenho e valho o que valho. E tento o equilibrio em saber quanto significa tudo isto.
Nem sempre é fácil, nem para mim nem para ninguém, mas consegui alcançar a força e o espirito para olhar para as dificuldades não como obstáculos mas como oportunidades de melhorar e crescer, e as barreiras como lições a aprender.

16/09/2007

P.S.: Obrigado a todos (e sabem quem são) os que me acompanharam e ensinaram tão de perto.

Sunday, September 23, 2007

Hoka Hey!

Hoje foi um bom dia. Não vou dizer que foi o melhor de há muito tempo porque, além de não ser inteiramente verdade, não quero que tenha toda essa carga significativa. Mas foi, sem duvida, um dia muito bom.
No ginásio, de manhã, continuo a confirmar a mim mesmo a boa forma fisica em que me encontro (essa sim, que já não tinha há muito tempo). E depois há qualquer coisa em nós que, em dias como este, parece atrair os outros. Todos sabemos que a boa disposição dinamiza as relações. Mas hoje não me sinto apenas bem disposto...há mais do que isso.
Depois de um almoço ligeiro, fui para a praia para a minha primeira aula de surf. Uma vontade e um desejo que acalento há muitos anos mas que por variadas razões foi sendo adiado. Algo aprendi ao longo destes tempos: é que devemos aproveitar o melhor da vida, organizar o nosso tempo e fazer tudo o que queremos e podemos, já que nada mais se leva.
Sempre tive uma ideia algo fantasiosa acerca do surf e do estilo de vida surfista, mas hoje consegui experimentar que, apesar de fantasiosa, essa ideia tem tudo de real. Nâo vou filosofar acerca da sensação de liberdade e comunhão com a natureza porque, a meu ver, não se trata disso. Trata-se de estarmos durante horas sozinhos no meio dos outros e em plena sintonia com o mar. E agora perdoem-me o cliché, à espera da onda perfeita. E enquanto, esperamos a tranquilidade é tal que não pensamos em mais nada, só em nós, na prancha, no mar. E o exercício fisico enquanto andamos nessa busca limpa todas, garanto, todas as toxinas do nosso corpo.
E depois de ter experimentado estes momentos de total paz de espírito, tive uma das melhores noites de salsa dos ultimos tempos. O ambiente mágico com janelas debruçadas, vá-se lá adivinhar porquê, sobre o mar. Gente, muita gente, salseira, bonita, interessante, bem disposta, feliz, dançante. Convites, muitos convites para dançar e para voltar a dançar. O que nos faz ter a certeza que gostam de dançar connosco, mas sobretudo que gostam de nós, da nossa companhia, de estar connosco.
Foi um dia bom, muito bom mesmo. E agora vou dormir, que daqui a pouco tenho o sol a querer entrar.

Hoka Hey!

P.S.: Amanhã devo ir comprar o meu fato de surf!

Saturday, September 22, 2007

Cheers Dave!

De entre os locais que tenho frequentado ultimamente, um tem sido escolha mais assídua. E foi precisamente nesse bar que fui, pela primeira vez, entrevistado. Na verdade, nem foi bem uma entrevista, foi mais uma conversa amigável sobre o espaço e os seus indígenas mais habituais.
Foi com alguma surpresa que Dave, o proprietário e anfitrião, veio ter comigo e disse-me que estava um jornalista ao balcão que gostaria de falar com alguns dos "regulars" da sua casa. Achei curioso que o dito jornalista não se limitasse a visitar o espaço e posteriormente expressasse a sua opinião, mas antes preferisse conversar com quem habitualmente passa ali uns bons bocados para beber um pouco do espírito que ali se vive.
Tranquilamente, apresentámo-nos e encetámos então a nossa tertúlia. Começou por me perguntar o meu nome, o que fazia na vida e como tinha descoberto aquele sitio, que curiosamente todos descobrem da mesma maneira. A pouco e pouco a conversa foi-se desenrolando naturalmente, não na filosofia da pergunta-resposta mas na troca de impressões que o repórter já havia tido e as minhas, que coincidentemente...coincidiram.
É de facto um local unico na noite lisboeta, que se destaca da maioria por várias e boas razões, sendo um bom ponto de partida para uma noite em cheio. De todas elas, há que sem duvida realçar o personagem principal desta história, Dave, um barman com uma longa experiência mundial que além de nos brindar com as suas misturas milagrosas é um excelente conviva. Ele sabe quem são os seus clientes e não esquece uma cara.
A reportagem deverá ser Publicada numa revista de um jornal - edição de Domingo - (que eu não preciso dizer qual é, pois não? :p) dentro de umas duas a três semanas e recomendo vivamente que a leiam e que posteriormente visitem este Lounge! Garanto que vão gostar e tornar-se "regulars"!
Eu por mim, que já conheço o sitio, quero ver se sou mencionado (ou até mesmo citado) no dito artigo! Afinal, todos temos direito aos nossos 15 minutos de fama!
E agora vou indo para a minha primeira aula de surf! Quem sabe se não descubro mais um grande interesse!?

Thursday, September 20, 2007

O que sabe...

A flores na Primavera
a mar no Verão
a chuva no Outono
a carinho no Inverno

A orvalho pela manhã
a papel de musica a meio do dia
a limonada à tarde
e à noite a magia

A madeira a norte
a terra ao sul
a neve a nascente
a fogo a poente

A esperança no Levante
a euforia a meio
a tranquilidade daí em diante
no aconchego do seu seio

A algodão se é calmo
a laranja se é forte
amargo se for de azar
a baunilha se traz sorte

Mas quem sabe qual o sabor do vento?

Monday, September 17, 2007

Não é certamente essa a memória que guardo

Sempre, continuo a lembrar-me daquela menina bonita, que nasceu e viveu na praia, numa casa antiga cheia de corredores e passagens secretas, portas que nunca abriu.
Sempre, continuo a lembrar-me daquela menina que se aninhava no meu peito para dormir mas que não gostava de me ouvir ressonar.
Sempre, continuo a lembrar-me daquela menina insegura que me perguntava coisas dificeis de responder porque não sabia que as respostas estavam nela.
Sempre, continuo a lembrar-me da menina que partilhava tantos dos meus gostos e me iniciou em tantos outros.
Sempre, continuo a lembrar-me da menina que sempre se sentiu desprotegida e frágil, demasiado sincera para se defender. Que não era uma menina perfeita, mas sempre quis ser, e ainda hoje continua a querer ser...demais.
Sempre, continuo a lembrar-me da menina que sonhava tanto e só queria viver esse sonho.
Sempre, continuo a lembrar-me (também) da menina que refinou o meu "closet" e os meus costumes em social.
Sempre, continuo a lembrar-me da menina que não sabia que os sonhos valem não por aquilo que neles vemos...mas por aquilo que neles vivemos...
E sempre, mas sempre continuo a lembrar-me da menina por quem todos os dias tive vontade de fazer tudo.
Mas essa menina também tinha os seus defeitos...não era perfeita.

Se fosses mulher...

Deliciosamente tortuosa
sempre à margem
teus caminhos revoltos
sempre na linha

De dia acompanho-te lânguida,
preguiçosa e amena
adormecida pelo sol
cálida pela brisa

À noite deito-me e enrolo-me em ti
deleito-me em tuas voluptuosas formas
e vejo ao longe, sob a lua,
teus olhos verdes e vermelhos

Assim és, incerta,
não sei se vens, não sei se vais
Assim és, marginal,
de Lisboa até Cascais

Chiça penico chapéu de côco!

O nunca termos a certeza de que o que estamos (prestes) a fazer é o mais certo é uma chatice daquelas!
Ao invés de, com a experiência, estar a conquistar certezas, cada vez tenho é mais duvidas sobre o que fazer perante a maior parte das situações. Não sei se começamos a tomar os resultados como mais preciosos, por via de uma maior consciência, ou se simplesmente, como Aristóteles, começamos a chegar à conclusão que só sabemos que nada sabemos.
Que grande maçada!! Assim já começo a ter saudades de ser um "jovem inconciente" (sem o "s") e de me estar completamente a borrifar para as consequências...quem viesse atrás que fechasse a porta.
Mas parece que esta coisa da consciência é fermentada...e uma pessoa passa a vida a pensar: "Atravesso a estrada ou não?", "Visto esta camisa ou não?", "Vou ao bar A ou ao B?", "Digo isto ou não digo nada?"....
E para mim as coisas até são relativamente mais fáceis porque sempre vivi com o lema "arrepende-te do que não fazes, nunca te arrependas do que fizeste!".
Enfim...mais um desabafo daqueles, porque no fim já todos sabemos qual é a resposta...
Pode fazer? Pode...mas não deve! E o que lhe acontece se fizer? Naaaddaaaaa! (lool uma pequena ligação ao sketch dos Gato Fedorento sobre o Prof Marcelo Rebelo de Sousa!)

Thursday, September 13, 2007

Não somos pessoas de barro...

Ainda tenho a boca cheia de migalhas das bolachas que estive a comer depois de jantar. Hoje em dia já como poucos doces, mas quando venho do ginásio sabe-me bem comer uns açucares!
Mas vamos ao que interessa...o texto.
Quem é que em criança não brincou com barro ou plasticina? E lembram-se como era bom meter as mãos naquela massa terrosa e mole, apertá-la e fazê-la passar entre os dedos? Era fantástico, não era? Eu pelo menos adorava aquela sensação de espremer a argila...e depois gostava de a moldar e criar tudo e mais alguma coisa.
Mas nós não somos pessoas de barro. Não somos moldáveis nem deformáveis e nunca tentei fazer com os outros o que fazia com o barro. Por isso mesmo, sempre tive alguma dificuldade em aceitar que o tentassem fazer comigo.
Todavia, todos temos momentos de fraqueza e vulnerabilidade, e tendemos a "adaptar-nos" demais aos outros ou às situações e também eu deixei que o fizessem comigo (mea culpa sem culpa mas com responsabilidade). E não gostei da obra de arte que criaram...porque simplesmente não era eu. Aliás, eu não podia ser eu.
Ao olhar para trás vejo que não gostei de ser moldado, torcido, amassado até me tornar o que não era eu, só para ficar à imagem do ideal de alguém.
Aprendi com o meu erro (porque nestas coisas não sei se o erro maior é o de tentarem moldar-nos ou deixarmo-nos moldar) e hoje grito bem alto, a plenos pulmões, para quem me quiser ouvir: "Não sou uma pessoa de barro!!"

Sunday, September 09, 2007

A Relatividade da Tranquilidade em Torno da Felicidade

É o momento de simplificar-me
Apreciar a vida a acariciar-me
E as pessoas a vivenciar-me
sem ninguém a pressionar-me

Não quero mais do que enfatuar-me
Sem o futuro a planear-me
Apenas a vida a desenrolar-me
e, quem sabe, a presentear-me

Somente apaixonar-me
Sem pensar em enamorar-me
ou sequer preocupar-me
e deixar de idealizar-me

Abro a janela ao mundo e digo-lhe: és meu!
com a alegria de quem vive
e o entusiasmo de quem não viveu
ainda tudo o quem para viver!

Thursday, September 06, 2007

Brilho pessoal!

06/09 (hoje) às 1h53 a 23/09 às 12h42
Sol em conjunção com Lua natal


Todos os anos, sempre entre os dias 06/09 (hoje) às 1h53 e 23/09 às 12h42, o Sol em trânsito se conjuga à Lua do seu mapa, Walter. Este tende a ser um período feliz e de particular brilho pessoal, mas só se você estiver colaborando para esta felicidade. Traduzindo em miúdos, este ciclo age como uma espécie de "catalisador" para aqueles que vêm tomando atos construtivos e que estão se empenhando em algum projeto que envolva o próprio desenvolvimento. Para aqueles que se encontram na inércia, este ciclo também não deixa de ser positivo, e tem a ver com uma "sacudida" que o Universo dá na pessoa, estimulando-a a despertar, a acordar pra vida.

O efeito deste trânsito é o de uma "lua nova pessoal", um período propício para os novos inícios, para lançar-se em projetos novos. A sensação associada é a de renovação. Procure dar atenção aos seus impulsos de alma neste momento, pois, por mais "loucos" que lhe pareçam, eles estarão provavelmente lhe revelando os seus caminhos naturais para este período.

O Sol ilumina a Lua, Walter, o que sugere um período de maior consciência pessoal, uma fase de descobertas pessoais importantes; é provável que você venha a "se tocar" de aspectos de sua vida que estavam particularmente inertes e que você precisa se livrar. Neste período, cuja palavra-chave é a consciência, você se apercebe de hábitos e comportamentos que talvez tenham lhe agradado por muito tempo, mas que você precisa deixar para trás, a fim de se tornar uma pessoa melhor. E o mais interessante é que sua alma estará propensa a este ato de renovar-se. Aproveite!

Friday, August 31, 2007

Acorde-me quando aterrarmos!

De cada vez que ando de avião, é sempre como se fosse a primeira vez. Fico de tal forma feliz e maravilhado que os meus olhos devem brilhar como um farol em alto mar numa noite de pleno breu! De tal forma que me habituei a pedir à hospedeira que me acorde quando aterrarmos.
Assim que me sento no meu lugar, sempre à janela, desligo completamente do mundo real. A partir desse momento não quero mais saber dos outros passageiros e da vida a bordo. Ao longo da viagem, sempre com os olhos postos do lado de fora da janela, inebrio-me com as paisagens fantásticas que sobrevoamos, delicio-me com o pairar no meio das nuvens, com as cidades, vilas e aldeias que cá de cima parecem formigueiros. Normalmente, nem da turbulência me apercebo.
Nesta viagem, a distraída hospedeira deve ter-se esquecido do que lhe pedi e, quando todos sairam do avião, continuei embrenhado na minha própria viagem.
Acordo então no meio das equipas de limpeza e manutenção, com um dos membros que me toca no ombro, acordando-me, e me informa que aquela viagem já terminou há algum tempo. Tenho que descer - do avião, entenda-se - e regressar ao aeroporto, seguindo para o meu destino local ou apanhando outro vôo.
Escolho a segunda hipótese, pois nunca fui homem de ficar em terra...

Deixem-me ser...

Fosse eu escritor e seria um grande escritor. Ou pelo menos um escritor grande, tal a quantidade de inícios e finais que já escrevi nestes livros. Cada um escrito com uma caneta diferente, com uma letra personalizada, com um enredo mais amadurecido.
Em cada livro que escrevo, procuro ser sempre o mais fiável possível à verdadeira personalidade de cada personagem e muito feliz me sinto por já ter conhecido tantos e tão distintos uns dos outros.
Não quero ser hipócrita e, contrariamente ao que seria de esperar, não são os finais, o dar a obra por acabada que me dá mais prazer. Nem mesmo o início, em que começamos a conhecer os personagens, o contexto, o enredo. É do desenvolver da história que mais gosto.
De facto, é depois de conhecer todos os intervenientes, pessoas, lugares, experiências, que me começo a envolver na trama. É nesse momento que passo de autor a personagem, tornando-me parte das palavras que vão sendo escritas. E vivo cada uma das situações como se fossem minhas...que na verdade até são a partir do momento em que faço parte da narrativa.
Talvez por isso me custam tanto os finais. Porque apesar de saber que depois escreverei mais um livro, não me quero afastar do actual, não quero deixar de conviver e partilhar desta história. Porque sou um homem do presente, não do futuro nem do passado, não me consolam os sucessos do futuro (como garantia de felicidade) nem os êxitos do passado (como prova de evolução) pelo simples facto de que o que era já foi e o que vai ser ainda não é.
Assim, até escrever um novo livro, recuso-me a viver saudades do passado ou expectativas do futuro. Regozijo-me, sim, pelos bons momentos da história actual e permito-me a tristeza de ter que a finalizar...de uma vez por todas.
Até à próxima história reservo-me, portanto, o direito a ficar triste com o término desta!

Thursday, August 30, 2007

A Praia dos Árabes

Do varandim, virado a poente, observa-se todo o porto. Um ancoradouro onde atracam todo o tipo de embarcações, de pequenos botes com motor fora de bordo a magnificentes lanchas, iates e veleiros provenientes dos mais diversos pontos do mundo.
Á semelhança dessas naus, também as pessoas que por aqui andam são das mais variadas estirpes, raças e povos, classes sociais e até religiões. É um local que se destaca mais pelos elementos materiais aqui "estacionados" do que pela beleza natural ou arquitectónica. Característica, aliás, que se estende à grande maioria das pessoas que por aqui se passeiam, a quem nem a paisagem ajuda neste aspecto.
Durante o dia, goza-se de um sol agradável, que traz boas cores aos edificios aqui construidos, aos barcos mais bonitos e até aos transeuntes que assim beneficiam de uma melhoramento artificial da sua imagem natural. À noite, são os néons e letreiros coloridos que alegram o passeio.
Mas esta está longe de ser a praia mais bonita. Há na região praias com uma outra luz, uma outra vida, uma outra cor. Não muito longe daqui deita-se um areal onde e por quem me apaixonei para a vida. Nunca conheci sentimento de tanta tranquilidade, paz de espirito e familiaridade como ali.
É uma pequena aldeia, não terá mais que 8 ou 9Km2 e 400 habitantes indígenas. Tudo o resto são aves migratórias. Logo na primeira vez que visitei este local fiquei em transe com o encantamento, uma espécie de misticismo e "sentir-me em casa" que me inebriaram. Porque, apesar de contar com os forasteiros para sobreviver, parece manter uma pureza e genuinidade impossíveis de encontrar por estes lados, onde tudo e todos se renderam aos estrangeirismos.
Vive-se um ambiente familiar em que todos se conhecem, naturais e migrantes históricos que desde sempre para aqui acorreram. E apesar da invasão imobiliária, mantém ainda muita da traça original de aldeia piscatória, vestida com um requinte pouco próprio destas artes.
Não é, absolutamente, a escrita que reflecte com objectividade esta minha saudade nem traduz este sentimento, pois só quem lá esteve sabe do que falo.
Talvez por isso não vos convide a visitá-la...por ter medo que se apaixonem como eu e com isso me roubem um pouco daquele lugar. Sim, sou egoista...não o quero para mais ninguém senão para mim e para os que já lá estavam!.

Tuesday, August 28, 2007

Light Aziz, Light!!

Em alturas menos boas da nossa vida encontramos sempre bodes expiatórios. É muito fácil apontar o dedo aos responsáveis pela nossa falta de sorte: as outras pessoas, a própria vida, alguém que nos rogou uma praga...até Deus por se esquecer de nós.
Depois, toda a gente nos diz para relativizarmos as coisas, para aguentar a onda, que melhores dias virão, que ainda nos vamos rir da situação, até mesmo que iremos aprender uma grande lição de vida.
Eu cheguei mesmo a acreditar que essa tranquilidade, essa capacidade de aceitar os problemas e enfrentá-los sem deixar que me derrubassem viria com a idade. E, com o tempo a passar, nunca soube que idade era essa.
Hoje em dia olho para trás na minha vida e gosto do que vejo. É com alegria que me considero uma pessoa equilibrada e forte, com discernimento para me autoanalisar e perceber os erros que cometo, com suficiente espirito de critica para me zangar comigo mesmo, mas acima de tudo por (perdoem-me o narcisismo) gostar mesmo muito de mim próprio e do como sou.
E porque é que digo isto? Porque quando olho para mim próprio (instrospecção também é importante para não falarmos mal só dos outros :p) gosto de ver como sou superficial e como é tão simples ficar feliz!
Já escrevi várias vezes como é benéfico conseguirmos extrair alegria das coisinhas mais pequenas e mais insípidas da nossa vida. E é com grande satisfação que vejo que o faço sem o mínimo esforço, insconsciente, natural e expontaneamente.
Traz-me uma profunda felicidade o cheiro a pão quente nas manhãs de Verão e a terra molhada no Inverno. Fico em extâse por no Verão poder andar com pouca roupa e por no Inverno ser mais fácil andarmos bem vestidos. Fico superfeliz com a felicidade e sucesso dos outros como se fossem meus (não sou o Ghandi, mas é verdade). Gosto de ver as crianças (dos outros) a rir descontroladamente. E fico tão feliz quando me dizem que sou interessante, bonito, especial, bom amigo ou o que for como em dizer todas essas coisas aos outros.
Mas acima de tudo, faz-me muito feliz olhar para mim e gostar de mim...gostar mesmo muito de mim com todas as virtudes e defeitos (que não são poucos) que tenho. E é isso que me permite passar por qualquer dificuldade na vida com um sorriso nos lábios e pensamento positivo! Porque sou feliz e gosto de ver os outros felizes!

Sunday, August 26, 2007

Uma história

William era um bom rapaz. Tranquilo e calmo, esforçava-se sempre pelo bem-estar dos outros. Já o conheço há uns bons anos e sempre o chateei por se preocupar mais com os outros do que consigo próprio. Inúmeras vezes o vi engolir sapos só para evitar chatear-se com alguém.
Uma das coisas que mais tive dificuldade em compreender nele, era o hábito constante de procurar justificações e motivos para o que os outros faziam ou diziam, e que o incomodavam, tentando sempre relativizar e minimizar a gravidade desses actos ou palavras.
Reconheço nele uma infindável capacidade de sacríficio para que as coisas dêem certo. É capaz de tudo quando acredita numa coisa. Ia até ao fim do mundo, se fosse preciso, pelos seus ideais.
Um dia apaixonou-se...por uma editora de moda. Letícia era bem mais nova do que ele. Tinha terminado o curso e estava no seu primeiro ano de trabalho, ansiosa por iniciar a sua carreira e começar a atingir os seus objectivos de vida. O primeiro deles era comprar a sua própria casa, um espaço que pudesse ser só seu, onde se refugiaria da turbulência da metrópole e da vida. Apesar de viver numa casa grande, com espaço para todos, sentia-se encurralada pelas solicitações familiares. Letícia era muito ciosa do seu espaço e da sua privacidade e sentia o seu mundo muito limitado pelas exigências dos outros. Era uma pessoa dedicada, entregando-se de corpo e alma às causas em que acreditava. Muitas vezes, contra ventos e marés, sem o apoio de ninguém, embrenhou-se em lutas que todos davam por perdidas, vencendo-as graças à sua determinação.
Começaram a namorar numa noite de verão, depois de William ter feito um cerco incansável durante toda a festa. Letícia quis apaixonar-se por William e foi assim que tudo começou. Não foi uma história de principes e princesas, nem o conto de fadas com que todos sonhamos, envolto em magia e fantasia, mas Letícia quis apaixonar-se.
William queria que o sonho se desenrolasse passo a passo, tranquilamente. Letícia esperava o sentimento arrebatador que a convencesse que ele era o tal. William queria viver o sonho. Letícia queria sonhar a vida. William acreditava. Letícia queria acreditar. William trazia um sonho no olhar. Letícia não foi capaz de vivê-lo.
A vida não é um sonho, e como realidade que é implica que alcançarmos os nossos objectivos nos obrigue a tomar decisões e a fazer escolhas entre o que queremos e o que não podemos ter. E nem sempre estamos dispostos a abdicar de umas coisas para termos outras. Tudo é relativo...tudo é mais ou menos importante consoante o momento. O que hoje é essencial amanhã não é, e vice-versa. O que hoje é prioritário, amanhã é acessório.
William continua a acreditar no seu sonho...Letícia continua a procurar o seu ideal.

Saturday, August 25, 2007

O menino que o Vento trouxe

Nesta seara costuma soprar uma brisa amena com cheiro a feno, no final das tardes de verão.
À distância vislumbro a silhueta de um menino que vem a descer a colina por entre o sorgo que balança ao ritmo do vento. Os pés descalços vêm calcando o chão irregular de terra macia transpirando o calor da tarde.
Ao aproximar-se, olha-me directamente nos olhos, perscutando os meus pensamentos como que avaliando a minha índole. Parecendo confiar, pousa a sacola no chão e senta-se a meu lado. De dentro, tira um bocado de pão que vai mordiscando acompanhado de uns goles de água, enquanto olha profunda e atentamente o horizonte. Durante estes largos momentos nada diz, ora olhando o infinito ora olhando-me a mim.
Depois de terminar o lanche, pergunta-me:
- Para onde vais?
- A todo o lado e a sitio nenhum. Venho seguindo a estrada e parei aqui para admirar este sitio enquanto descanso.
- Não tens destino, portanto?
- Sim...é mais ou menos isso...
- E de onde vens?
- De todo o lado e de sitio nenhum...
- Não tens raízes, portanto?
- Sim...é mais ou menos isso...
- Vens sozinho?
- Sim.
- Sou como tu...um viajante. Mas tenho raízes...e tenho destino. Todos temos, mesmo que em alguma altura os deixemos de ver.
- Como assim?
- Algures nas nossas caminhadas, encontramo-nos tão distantes da nossa origem como do nosso destino que deixamos de os ver.
- E nessas alturas, como fazemos para não nos perdermos?
- Cada um de nós, nesses períodos de tempo em que deixamos de ver a origem e o destino da nossa viagem, encontra os seus pontos de referência. Sinais que nos indicam se nos mantemos na rota ou se nos afastamos dela!
- E como encontrar novos pontos de referência? - Perguntei eu aquele menino que parecia ter todas as respostas.
- Ao longo da minha viagem tenho guardado nesta sacola tudo aquilo que de alguma forma se distingue do resto. Depois, num mapa que vou desenhando à medida que avanço no meu caminho, marco os sitios onde os encontro. Consigo, assim, manter sempre uma trajectória clara e, se for preciso voltar atrás, consigo sempre reencontrar o meu caminho.
- E que guardas tu na sacola?
Olhou-me de lado, meio desconfiado. Depois puxou a sacola, ajeitou-a e abriu-a. Lá dentro vi muitos pequenos pontos de luz, brilhantes como um céu estrelado.
- Mas isso são... - retorqui.
- São... - Interrompeu-me como se quisesse impedir-me de pronunciar o resto da frase - E tu também tens os teus. É apenas uma questão de os guardares.
Aquele garoto, que vestia apenas umas jardineiras coçadas sobre a pele encardida pelo pó, parecia saber muito mais do que a idade lhe permitiria. A segurança com que me falava transmitia uma confiança própria de quem tem uma experiência de vida longa e variada. Falava como que suportado num vasto conhecimento adquirido ao longo de dezenas de anos de vida passados a viajar.
Ofereceu-me um naco de pão e água e recostou-se numa pedra. Inspirou profundamente e olhou novamente o horizonte. Por momentos não disse nada. Pousou os braços no chão e agarrou um punhado de terra, levando-a ao nariz. Ao cheirá-la, perguntou-me:
- Sabes como chamam a este vento quente que aqui sopra ao final da tarde?
- Não.
- Zéfiro...Diz-se que vem percorrendo as planícies desde o deserto e que se o escutarmos atentamente conseguimos ouvir as vozes daqueles por quem passou.
Calei-me e não escutando nada mais do que a folhagem empurrada pela brisa, perguntei:
- Consegues ouvir alguma coisa?
- Schhhhh... - disse-me, fechando os olhos - não é com os ouvidos que deves escutar.
Segui-o, fechando os olhos, e fiquei em silêncio. Comecei a ouvir um pequeno burburinho, como que de vozes tartamudeando, que a pouco e pouco se foi tornando mais nítido. E comecei então a perceber conversas soltas entre homens e mulheres, o ruído de crianças a brincar e o eco destes sons que ressoavam nas minhas orelhas. Eram diálogos absolutamente normais, conversas de rua como pessoas que se encontram e não querem ficar por um simples olá.
Entretanto, o menino tocou-me na mão e os murmúrios começaram a desvanecer-se. Perguntou-me então:
- O que ouviste?
- A Vida...O Mundo... - respondi-lhe.
- Parece que a lenda do Zéfiro tem algum fundamento, então. Na realidade, nem sempre os cinco sentidos são os que nos permitem perceber melhor...
- Sim...
Colocou a mão dentro da sacola e do seu interior retirou outra sacola exactamente igual, depositando-a nas minhas mãos.
- A ti falta-te apenas a sacola para os guardares. Tudo o resto de que precisas já o tens dentro de ti. Guarda dentro da sacola tudo o que é importante para ti para que não percas nada.
Estendendo-me a mão, desejou-me boa viagem e afastou-se lentamente, com o olhar posto no sol que se deitava no horizonte. Ainda o observei por um longo tempo, enquanto a sua silhueta se tornava mais pequena.
Inspirei uma vez mais o vento quente que sopra na seara. E foi a ultima vez que vi esse menino...

Monday, August 13, 2007

O Paciente Português - Dia 0

Mesmo aqui, dentro da tenda, sopra uma brisa quente...dizem os beduínos que o chá quente ajuda a suportar o calor, e crendo nisso vou sorvendo a infusão de hortelã que me deram.
Sentado à porta, olho o deserto deitado à minha frente que ainda ferve coberto pelo sol vermelho pousado sobre a linha do horizonte. Os milhões de grãos de areia já bocejam, preparando-se para dormir e eu, dormente com os 49ºC que ainda se fazem sentir debaixo da lona cor de laranja, traço a rota que me levará até Njhouir. Os camelos já estão alimentados, os alforges arrumados e os meus companheiros de viagem estão de volta do fogo a cozinhar uma espécie de pão que irá acompanhar o carneiro guisado. Para acompanhar o jantar, nada mais...por aqui não há o costume de acompanhar a carne com arroz ou batata (até porque por aqui não se cultivam esses legumes).
O sol entretanto já se cansou de esperar, e seguiu para casa. A lua aproveitou, tomou o seu lugar e sobe agora numa coberta pontilhada de brilhantes, como focos que iluminam as bermas de uma estrada.
A refeição está pronta, e comer com os tuaregues sempre me transmitiu uma enorme sensação de segurança e sentido de partilha. Aqui não há individuos...apenas um conjunto uniforme de corpos que sustentam uma pequena sociedade. O que é de um é de todos, e todos trabalham para um fim único: viver no deserto.
Nesta floresta estéril, o guisado de borrego é uma iguaria. Nos dias que se seguem iremos comer apenas pão, água e tâmaras que antes da partida foram secas ao sol para que se conservem. De qualquer maneira, não precisamos de mais nada.
Após a refeição, mantemo-nos à volta da fogueira que agora se justifica pela baixa temperatura que a noite trás. E á volta dela, contam-se aventuras, viagens e pessoas que cada um viveu, ensinando-nos uns aos outros.
É hora de descansar...amanhã temos um bom caminho a percorrer.

Sunday, July 08, 2007

A Casa

Essa menina vivia numa casa antiga, daquelas grandes com muitos quartos, salas e outras divisões. Uma casa enorme, de estilo senhorial, rodeada de frondosos jardins, com arbustos labirinticos e fontes que jorravam água dia e noite.
As paredes altas sustentavam tectos de gesso decorados com frescos idílicos, anjos sentados em nuvens e olhar indefinido, como que vivendo num eterno sonho. O chão de madeira maciça, mantinha-se sólido, bonito e imponente.
Costumava passar as tardes a percorrer os corredores, abrindo as portas e espreitando aqui e ali, com a esperança de a cada vez desvendar um novo segredo. Vivia um pouco as histórias de mistério que o seu avô lhe havia contado, sobre passagens secretas, portas invisiveis e estantes de biblioteca móveis que davam acesso a outros mundos.
Entre as inumeras portas que existiam naquela casa, havia uma em particular que desde sempre tinha sido proibido abrir. A menina não sabia bem porquê, mas tinha qualquer coisa a ver com um perigo oculto. Desde sempre lhe haviam dito para não abrir aquela porta antiquissima, talvez a mais antiga da casa, sem lhe darem uma explicação concreta mas sempre aludindo às consequências nefastas que adviriam do incumprimento daquela ordem, a qual a menina sempre se comprometeu a cumprir.
Por várias vezes tinha questionado o que existia por detrás dela, mas o assunto sempre havia sido desviado com grande subtileza e facilmente substituído por outras histórias de fantasia e alegria.
E até hoje, sem saber muito bem porquê, nunca essa porta foi aberta e continua incognito o que ela guarda...

Thursday, July 05, 2007

Conversa de Café

Há uns dias cruzei-me com uma amiga que conheci está a fazer um ano. Como tinhamos algum tempo livre, acabámos por ir tomar um café numa esplanada.
O dia estava esplendoroso, com um sol magnífico e uma temperatura amena. Esse calorzinho de princípio de manhã, com cheiro a feno e flores, acompanhou o desfiar da conversa que se desenrolou ao lado de uma bica escaldada (a minha) e uma água tónica (a dela).
Abordámos os assuntos mais diversos e, sem um fio condutor muito claro, falámos de carreiras, dos sitios onde estamos a trabalhar, das ultimas novidades dos amigos...enfim, a conversa normal de duas pessoas que não têm tido oportunidade de se manterem actualizadas.
Acabámos, como não podia deixar de ser, por falar também de namorados(as), tema que veio à baila quando lhe perguntei pelo dela, o felizardo meu amigo que em tempos a tinha conseguido conquistar.
Contou-me, então, que as coisas não andavam muito bem entre os dois. Ao que parece, ele padecia de algumas inseguranças (infundadas, diga-se) que tornavam a sua companhia um risco sério para o divertimento. Não o fazia por mal, mas o facto é que, ao fim e ao cabo, o calhau com olhos fazia tanta questão de ser especial para a namorada que os momentos que lhe proporcionava se tornavam momentos de grande tensão, tal era o desejo de perfeição. Um pouco mais grave era a tendência para amuar, quer fosse por as coisas não correrem como ele havia previsto, quer fosse por surgir um(a) amigo(a) inesperado (dele ou dela tanto fazia), quer fosse por qualquer outro motivo.
Uma outra questão prendia-se com o tempo e atenção que ele lhe exigia e, ainda que pudesse ter alguma razão porque tinham poucos momentos a sós (demos-lhe o benefício da duvida...?!?!?), o que é certo é que o caramelo muitas vezes se tornava incompreensivo com o estado de espírito da minha amiga. Ou seja, basicamente o "pobre coitado" nem sempre discernia que as pessoas não estão constantemente para aí viradas. Sobretudo, pessoas como essa minha amiga cuja atenção é constantemente sugada por outras pessoas que fazem parte da vida dela.
Resumindo, o bronco tinha acessos de egoísmo e algum egocentrismo ao ponto de coisas que preparava com o intuito de a resgatar da rotina diária de repente se terem que transformar em motivo para atenções redobradas por parte da namorada.
Quando nos despedimos disse-lhe para ter calma (ele até nem é mau rapaz...só um bocado troll) e ao dobrar a esquina marquei uma lembrança no telemóvel para combinar um café com ele e abrir-lhe os olhos.

Wednesday, June 20, 2007

Estarei eu na tua memória?

Um dia conheci uma menina. Ela vive na praia, junto ao mar. Sempre viveu desde que me lembro, até mesmo quando nasceu.
Um dia conheci uma menina. Muito bonita, de cabelo escuro e sorriso expressivo. Sempre foi muito bonita desde que me lembro, até mesmo quando acorda.
Um dia conheci uma menina. Que sempre se sentiu desprotegida e frágil, demasiado sincera para se defender. Não era uma menina perfeita, mas sempre quis ser, e ainda hoje continua a querer ser...demais.
Quando lhe dei a mão senti um toque quente, caloroso e afável, quando por momentos se esqueceu de se defender. É uma pessoa bonita, tem coração e sei que ama. Também sei que já se sentiu muito magoada e que por isso agora veste uma armadura e trata quem se aproxima com desconfiança. E curiosamente, quanto mais a pessoa se tenta aproximar mais ela aperta os fechos da armadura. Faz lembrar os bichos-de-conta que, quando lhes tocamos, se enrolam todos.
Por cima do nariz, no elmo que traz na cabeça, há uma pequena ranhura por onde espreita. É por aí que lhe vejo os olhos. São olhos ternos e meigos, e ao mesmo tempo assustados. É neles que lhe consigo ver o carinho de menina que procura os seus sonhos com jardins e bosques, flores e fadas encantadas. E é neles que vejo que procura um príncipe. Não tem necessariamente que ser bonito...mas forte de carácter, firme nas certezas e valente para a defender...alguém que a faça sentir-se segura. Alguém que lhe proporcione a estabilidade que ela própria não encontrou...ainda.
E é nesses olhos de menina que lhe vejo os seus pensamentos, a constante procura da verdade e da certeza, o constante testar da força e valentia como que experimentando para avaliar se ele a merece e se terá força para segurar a espada diante do dragão.
Não sei se alguma vez sentirá ter encontrado o seu príncipe pois tem demasiadas dúvidas...e quando converte uma em certeza logo arranja outra para a substituir.
Eu conheci uma menina a quem me vou mostrando como um livro aberto, tentando inspirar-lhe confiança, a quem vou enfrentando tentando provar-lhe carácter e a quem vou dando flores para que não desista de sonhar.