Friday, March 31, 2006

Gostava de ser uma vela...para que pudesse acender-me e iluminar o teu caminho.

Pensamentos

Já é tarde. É uma da manhã. Está tudo sossegado, os meus vizinhos estão em silêncio. Também os cães lá fora, nos quintais das vivendas, estão calados. Esta noite não se ouvem as sirenes das ambulâncias. Está tudo calmo.
Apaguei a televisão...já estava cansado de a ouvir. Disseram-me que a lua estava linda, mas a verdade é que nem reparei. Devia vir a pensar noutra coisa qualquer. Como agora, em que a única coisa que ouço é o zumbido das lâmpadas nos candeeiros lá fora, o tic-tac do despertador e um ou outro carro lá embaixo.
Podia estar à janela, mas já conheço a vista de cor. À minha esquerda o mar estende-se até ao Cabo. À minha frente germinam as moradias unifamiliares. À minha direita vejo as luzes dos automóveis que passam na autoestrada e ao fundo as encostas da serra. Tudo pontilhado pela luz laranja da iluminação pública.
Sim, está tudo sossegado...e à falta de distracção e de sono (provocada por uma bica tomada às sete e meia da tarde...ou não!) começo a pensar.
É um defeito que tenho. Não consigo que a minha mente descanse. Nem por um minuto consigo abstrair-me de pensar em alguma coisa, de ter ideias a girar na minha cabeça. E vou de umas para outras, correndo ligeiro, até me esquecer do caminho de volta. E então não tenho outro remédio senão continuar.
Se chego a alguma conclusão, não vale de nada porque não me recordo como cheguei a ela. Se não chego a conclusão nenhuma não posso voltar atrás, retomar o raciocínio e escolher outro caminho. Talvez por isso goste tanto de escrever. Assim que me esqueço do caminho que estava a seguir, só tenho que reler o que está para trás. E, assim como assim, mesmo que amanhã me esqueça que pensei nisto ou naquilo, ficou tudo registado.
Muitas vezes também penso para me distrair ou para me desviar de determinado assunto que me desagrada. E então forço uma derivação, uma divergência, e começo a divagar por um tema diferente. Com isto acabei por desenvolver muitas teorias, filosofias e pensamentos avulsos sobre as pessoas e o Mundo (leia-se Universo). Porque sendo estes os meus temas preferidos de reflexão, a verdade é que as pessoas me fascinam.
Perco horas em cada dia a compilar mentalmente análises, observações, ideias, sugestões, motivações, intenções e outros elementos acabados em "ões" sobre as pessoas. O que fazem, porque o fazem, o que escondem, o que pretendem na realidade, o que querem, o que esperam, com que sonham, o que desejam, do que têm medo, o que as assusta, o que as alegra, entristece, preocupa ou descansa.

Wednesday, March 29, 2006

Pelo menos uma vez...

Alguma vez te deitaste na erva, fechaste os olhos e aspiraste o aroma de uma manhã? Alguma vez foste capaz de esquecer o mundo, tudo o que te atormenta e ouvir os pássaros? Alguma vez ignoraste o relógio, apreciaste o compasso lento da natureza e te deixaste ali ficar? Alguma vez sentiste a brisa morna do inicio do dia, com cheiro a pão quente e flores a despertar? Alguma vez sentiste o prazer do vento a despentear-te, da chuva a abraçar-te ou do sol a beijar-te? Alguma vez te deixaste ir de costas na corrente do mar, com os ouvidos abafados pela água e olhaste o céu? Alguma vez conseguiste ver todas as constelações no céu, uma estrela cadente e sentir que tens companhia lá?
Não?? Então ainda não viveste...

Monday, March 27, 2006

23h38m

Fugazes momentos em que perpassas diante dos meus olhos, iludindo a realidade. Continuo, de tempo a tempo, a ver um novo episódio, uma nova cena desse filme. Apagam-se as luzes, baixo as pálpebras para abrir os olhos e desenvolve-se a acção. Os mesmos protagonistas, o mesmo enredo, em cenários diferentes.
Afinal não morreu o desejo, não morreu a esperança, não morreu o sonho. Tentei afogá-lo numa chávena de chá e cobri-lo com as folhas da infusão. Apago esses momentos, assumo-me como realizador do filme e determino quais as cenas a cortar. Uma, duas, três...tantas quantas as que insistem em se projectar diante dos meus olhos. E por cada uma que corto, mais uma me nasce dos recônditos do meu subconsciente.
Crêem-se em crenças e filosofias antigas e procuro mudar o elenco. Mas este filme parece ter sido feito para ti.

Tundra

Vou galgando esses montes e planícies, o mar como destino. Os pés feridos pelas pedras que amortecem o andar e os tornozelos arranhados pelas silvas e cardos que me aconchegam as pernas. Estou morto de sede e fome. Cada passo ressoa-me em todo o corpo como uma pancada seca que me amassa os músculos.
Arrasto as botas rôtas e com as solas desfeitas pelo meio da serra. Sinto no ar o cheiro salgado da maresia, imiscuído com o aroma forte das urzes e dos dentes-de-leão. O cajado, nobre companheiro com a ponta gasta e o cerne rachado, geme a cada solicitação de apoio.
Os ossos ressentem-se com o frio e a humidade, e a barba crescente alberga os poléns e o pó que se esfuma da terra que piso. O cabelo despenteado pelo vento cortante, arrepia-se com o frio da nortada. Aperto o casaco, tentando proteger-me da chuva miudinha que começa a cair. A unica carícia que tenho sentido na face nestes ultimos tempos.
Aqui e ali vejo pequenas casinhas com as suas chaminés fumegantes, respirando o fogo crepitante que aquece os sertões onde fervem as sopas. Ninguém me convida a entrar. Preferem ignorar-me. Prefiro ignorá-los também. A sensação de que o faço por escolha própria disfarça-me o toque áspero da indiferença.
Não lhes interessa a minha jornada...têm que se preocupar com a deles. Aperto o chapéu contra a cabeça, agarro as abas do casaco e olho em frente. Ainda me falta um bom bocado...

Thursday, March 16, 2006

Decisões dificeis

Partida indesejada
Necessária, mas inesperada
Falhei, eu sei
Mas foi com boa intenção que errei
Depois de cometido
tentei que esse sofrimento fosse diminuido
Se se assemelhasse a realidade à imaginação
teria tomado outra posição
Queria ter esse poder ansiado
para emendar o que fiz no passado
Mas não o posso fazer
resta-me apenas com as consequencias viver
E até ao fim da vida desejar
que o mal que te fiz não te venha a prejudicar
E que na tua consciência inocente
algum dia compreendas este acto dependente
Não consegui dar-te um carinho tão merecido
E, por isso, do que fiz estou arrependido

Monday, March 13, 2006

Uma nova companhia



Olá a todos! Hoje vim aqui para vos apresentar a minha nova amiga! Chama-se Pipa, tem três meses e está comigo desde ontem! Fui buscá-la a Sesimbra a uma das inúmeras Associações que acolhem animais com as mais tristes proveniências!

Aproveito para vos pedir que divulguem!! http://www.bianca.pmnetbusiness.com/

Bjnhos e Abraços

Thursday, March 09, 2006

Ontem à noite...

Decidi vestir a minha camisa vermelha. É talvez a que acho a minha melhor camisa e, como tal, tem estado no roupeiro guardada para as ocasiões especiais...mas o que é certo é que ontem me dei conta que há meses que estou à espera de uma ocasião especial para a vestir. E por um motivo ou outro nenhuma ocasião tem sido suficientemente especial para a vestir...ou então na altura acho que outra cor me ficaria melhor. Enfim, acabei por lembrar-me de uma história semelhante que já ouvi por duas vezes, em que alguém também guarda uma peça de roupa para uma ocasião especial e por infortúnio do destino acaba por morrer sem nunca ter essa ocasião especial. Acredito que a história seja fictícia, mas mais do que plausível, a verdade é que se olharmos bem para nós próprios veremos quantas vezes deixamos de usar aquela peça de roupa, aquele perfume, aquele relógio, ou pior ainda deixamos de dizer ou fazer as coisas por acharmos que não era o momento oportuno, que não era um momento especial. Por mim falo quando digo que ontem me apercebi de quantas coisas tenho deixado de fazer, quantas oportunidades tenho perdido por achar que não é o momento certo...
Pois bem, ontem à noite achei que hoje (porque ontem já não ia sair) era um dia suficientemente especial para vestir a minha camisa vermelha. Porque simplesmente eu assim o decidi. Porque tenho visto que apesar de nem sempre as coisas correrem pelo melhor, tenho que de facto sentir-me feliz por ter uma familia que me adora, ter amigos de verdade, e todas aquelas coisinhas simples que fazem o nosso dia a dia. Sim, ainda sinto falta de algo...mas hoje é um dia especial simplesmente porque EU quero!

Wednesday, March 08, 2006

Porque hoje é o vosso dia...

Minhas lindas!Amigas (e até às inimigas!), conhecidas, por conhecer, altas, baixas, gordas, magras, bonitas e feias....a todas vocês eu quero desejar um feliz dia da mulher. Porque, o que é muito verdade é que, apesar de todas as barbaridades que dizemos e fazemos (na brincadeira...ou não!) , não podemos passar sem vocês. Por muito que nos queixemos, são as mulheres que nos aturam, que gostam de nós, que nos acarinham...e que, para alguns, ao fim do dia têm aquele cafunézinho para nos fazer esquecer o que quer que tenha corrido mal! E para os outros, às vezes só a vossa atenção já vale ouro...

E quanto às que fazem parte do meu leque de conhecimentos, amizades, pré e pós namoros (algumas...) um obrigado muito especial por fazerem parte da minha vida!

Mas deixo aqui um PARABÉNS muito especial para as três mulheres mais extraordinárias da minha vida: a minha Mãe, a minha Avó e a minha Irmã!!!!

Monday, March 06, 2006

Fraco espírito

Fraco espírito que perante o que tanto deseja se assemelha a um animal assustado diante das luzes de um comboio prestes a atropelá-lo. Fraco espírito que tendo aquilo por que tanto anseia comete o mesmo erro e sofre o medo de tomar o que lhe é concedido. Fraco espírito o que treme ante a possibilidade da derrota esquecendo a da vitória. Fraco espírito para o qual o receio da rejeição se sobrepõe ao prazer da aceitação. Fraco espírito que tanto acredita na coragem e na valentia e que vacila no momento decisivo. Fraco espírito que teme mais arrepender-se do que fez do que arriscar no que deve fazer. Fraco espírito que chora uma batalha que não travou...

Thursday, March 02, 2006

Fiapos de luz esbatida que se revela nua na tua alma, a maciez de um mel vertido em lágrima numa porção de vinho.
Aquece-me a chama lenta de um côto de vela dançando no meu olhar, vislumbrando numa parede um manto branco a coberto da noite.
Aqui, deitado, de olhos postos no céu, ergo-me dos lençois que me embalam, transformando-se em tecidos mágicos que me embrulham e, assim levitando, vou seguindo no meio das estrelas tocando-as uma a uma com a ponta dos dedos. Acredito poder tomar-lhes um pouco do brilho e do calor. Acredito conseguir roubar-lhes um pouco do aroma doce que transpiram e perfumar-me com ele.
E então, banho-me nesse lago prata de luz gelada que incendeia o breu e inspira os corações mais meigos, despertando-lhes instintos selvagens. Purificar a alma e o ser, libertar o espírito e a mente e descansar o corpo. Sem pedir demais, os mágicos tecidos que me embrulham tornam-se agora majestosas vestes simples, de gosto cuidado e discreto, envolvendo-me a pele num abraço de cetim, separando-me do ar que me circunda.
É uma gota que me escorre, limpando-me a face e matando-me a sede ao tocar-me nos lábios. Sinto-lhe o gosto salgado do mar de onde veio e o tom amargo do sedimento que transporta no seu seio. Vem carregada de lembranças e recordações. E uma outra escorre, descendo pela outra face, com sabor salgado a desejos e sonhos.
Desperto...não saí daqui sem sequer cá ter estado.

Só não consigo desistir...

Moagem fina destes dias
Pacientemente vou moendo o grão a pó
Misturas transigentes para lhe tentar realçar a essência
Vou experimentando gramagens diferentes

Dou o melhor de mim
e recorro a ensinamentos alheios
Aquecendo a água sem a deixar ferver
sobre fogo de lenha

Engasgo-me com as primeiras tentativas
Tento resguardar-me dos erros
E muitas vezes me vejo obrigado
a voltar ao inicio

Revolto-me, exalto-me, reajo
queimando tanto quanto o fogo que me aquece
chiando e borbulhando irracional
pronto a desistir

E logo lhe sinto o aroma
agarro o moinho e reduzo mais uns grãos a pó
Sinto que o melhor que posso ter está perto
Remisturo os sentimentos

Um grão debaixo da lingua
Vou-lhe tomando o gosto
aguardando que o seu sabor
me desperte os sentidos

Como o vento...

"Dejemos que los sueños se apoderen del deseo...
Dejemos que lo cierto sea lo que imaginámos..."
Heroes del Silêncio

Faço promessas a mim mesmo que não vou cumprir. Sinto o calor do sol que me arrefece pela tua ausência e tomo resoluções, determinadas no momento, que se esfumam num pensamento...no teu pensamento.
Basta sonhar-te para que me esqueça a mim próprio e deixo levar-me pelo desejo. São escassos momentos de lucidez, uma clareira na floresta em que me embrenhei. Busco paz, sossego e tranquilidade e contraditóriamente só as encontro quando me invades os pensamentos.
Apenas um relance da tua esfinge e tudo o mais é esquecido, deixo de ter deveres e obrigações e tu és tudo. O som da tua voz derrete o mais duro dos ressentimentos e a tua doçura muda o rumo das minhas vontades. Mas queria entender-te, ler o que te vai na alma, compreender-te e saber o que procuras. Gostaria de saber porque não consigo simplesmente deixar-te ir. Porque não consigo cumprir as promessas que me fiz...porque consigo manter-me no caminho quando quero mudá-lo.