Saturday, February 16, 2008

Um Sonho

Tiveste que ir ao palacete que os teus pais tinham no Bairro Alto. Uma casa senhorial, plantada no centro de um jardim cheio de árvores com aspecto abandonado, que haviam herdado de uma tia tua.
Levaste-me a mim e a uma rapariga que não sei quem é...uma amiga tua talvez. No teu carro novo, mas de modelo antigo, ela ia sentada ao teu lado e eu atrás. Estavas sisuda, incomodada com alguma coisa. Descemos a pequena rua que ladeava a casa e estacionaste à entrada do cruzamento. Trazias um casaco com gola e punhos de pêlo, castanho claro.
Saímos do carro, abriste a porta do jardim e entrámos. Enquanto tu e a tua amiga foram lá para dentro, eu saí novamente, atravessei a estrada e dirigi-me à mansão do outro lado da rua, um edifício enorme igual ao palácio de Versailles. No jardim em frente, tal e qual como o verdadeiro, havia dezenas, ou mesmo centenas, de mesas onde estavam pessoas sentadas, a comer, a conversar, a jogar às cartas, a ler o jornal. Parecia estar a haver uma festa. Todas me olharam com desdém, como uma aristocracia elitista que vê aproximar-se um plebeu.
Senti-me deslocado e voltei a casa dos teus pais. Estavas lá em cima, pelo que subi as escadas ao primeiro andar. Num quarto com pouca luz, que se assemelhava a um sótão mas sem o tecto esconso, à beira das escadas que levavam ao piso superior, disseste-me:
- Não se perde um homem, nem por amor.
Não te percebi...viraste as costas e foste para baixo e eu fui tomar um duche. Mal tinha começado e já estavas ao pé do carro para ir embora. Completamente nu, só com a toalha branca presa à volta da cintura, deitei-me nas sebes rectangulares que muravam o terreno e escorreguei, como um trenó, até à esquina onde tinhas estacionado o carro. Continuavas chateada e não fazias questão de o disfarçar...não sei o que tanto te incomodava.

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