Monday, January 07, 2008

Um final de dia triste

O final de dia hoje foi...triste.
Ao chegar ao hospital, ouvi uma voz chamar-me. Um amigo estava ali. O avô foi internado de urgência com uma septicémia. Não sabiam nada dele...nas urgências, por norma, não há visitas. Muito menos na "Reanimação", local onde estão os que chegam em perigo de vida ou já para lá dela. Para complicar tudo, o caos estava instalado nas Urgências. Além de sentir a tristeza da própria familia, imaginei o que sentiria o próprio avô "abandonado" nos frios e impessoais corredores. Perguntou-me porque estava ali, mas mais do que isso senti que tentou perceber se eu conhecia alguém que os pudesse ajudar. Por sorte, a minha amiga enfermeira que me tem estado a acompanhar estava no turno dela. Tentei descansá-los. Falaria com ela para que tentássemos conseguir saber mais alguma coisa. Esforçaram-se por controlar a ansiedade por demais evidente.
Entretanto, comentou...hoje estamos cá todos! A Susana está cá com o filho dela, nas Urgências Pediátricas. Fui para cima, prometendo-lhes fazer tudo o que pudesse para os ajudar.
Já lá vai algum tempo e nunca mais pensei falar-lhe. Mas já passou tanto tempo e, nestas ocasiões, esquecemos tudo aquilo que nos fizeram e só queremos o melhor. Sentimento ampliado quando se trata de um bébé que não tem ainda um ano.
Depois de tratar do meu penso, iria tentar saber alguma coisa do avô. De seguida iria para a Pediatria tentar saber o que se passava com o bébé...e ver em que poderia ajudar. Não seria fácil, aparecer assim do nada, numa situação tão delicada, em que as pessoas estão fragilizadas. E eu, como iria reagir ao reencontro? Não importava. Apenas estava em causa aquele pequeno ser e a mãe que, conhecendo-a como conheço, deve estar desnorteada.
Subi, tratei do penso. O mesmo dos outros dias, nada de novo. Saí com a minha amiga para a recepção do serviço e ligámos para as Urgências. Telefone impedido. O caos, tinha-me esquecido..."Vai descansado - disse-me - eu saio daqui a pouco e passo lá embaixo a saber do senhor. Queres que ligue para a Pediatria?". "Não...eu vou lá."
Aqueles corredores parecem intermináveis e, com a perna manca, sou ultrapassado por todos. Aqueles túneis parecem ainda maiores e as cadeiras de rodas pareciam carros de corrida. Se não soubesse, pensaria que estava no Mónaco. Cheguei à Urgência. Uma confusão de pais e crianças e brinquedos e sacos de puericultura. Alguns pais brincam com os seus filhos tentando distrai-los. Nem sinal da Susana.
Ligo para a irmã. O bébé está internado desde ontem, ainda não descobriram o que tem. Não te preocupes, está tudo controlado. Não pergunto por ela, só quero saber como está o bébé. Não sabemos, nem eles sabem. Obrigado por ligares.
Vou-me embora, coxeando mais no peito do que na perna. O Joãozinho não merece! É apenas uma criança...

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