Saturday, December 29, 2007

O Principe das Estrelas

Sob o manto frio da noite e o brilho da Lua Cheia, vi o seu vulto saltando agilmente de telhado em telhado acompanhado do ladrar dos cães.
A figura esquálida, de pernas altas e finas, trazia às costas um saco enorme, mas pulava sobre as telhas sem pôr o pé em falso. Em cada casa, parava e espreitava pelas janelas e tirando algo do saco fazia-o passar pelo vidro, discreta e silenciosamente. E uma luz reconfortante parecia emanar de dentro das casas.
Ainda o vi fazer o mesmo numas poucas de casas até que, ao ver-se contra a luz da lua, se percebeu observado. A sua silhueta alta e esguia aproximou-se de mim e olhou-me no fundo dos meus olhos. Na penumbra, distingui-lhe um longo nariz curvilineo, um queixo saliente sob umas maçãs de rosto muito magras. O cabelo comprido escorria-lhe da testa alta para trás apoiado numas orelhas ponteagudas. Os olhos fundos perscrutaram o meu rosto, como que tentando perceber-me. Durante alguns minutos os nossos olhos dançaram nas faces um do outro, tentando satisfazer a curiosidade imensa que nos dominava.
Sentindo-nos seguros, descontraímo-nos . Os seus olhos, subitamente, amendoaram e esboçou um sorriso amigavel e terno como que dizendo que me tinha conseguido entender.
Piscou-me o olho, como se eu fosse um seu cúmplice, esfregou a mão na minha testa e de um pulo saltou para o telhado de uma casa próxima e esgueirou-se na noite, voando sobre as habitações.
E, num momento, percebi quem ele era...

No comments: