Thursday, August 30, 2007

A Praia dos Árabes

Do varandim, virado a poente, observa-se todo o porto. Um ancoradouro onde atracam todo o tipo de embarcações, de pequenos botes com motor fora de bordo a magnificentes lanchas, iates e veleiros provenientes dos mais diversos pontos do mundo.
Á semelhança dessas naus, também as pessoas que por aqui andam são das mais variadas estirpes, raças e povos, classes sociais e até religiões. É um local que se destaca mais pelos elementos materiais aqui "estacionados" do que pela beleza natural ou arquitectónica. Característica, aliás, que se estende à grande maioria das pessoas que por aqui se passeiam, a quem nem a paisagem ajuda neste aspecto.
Durante o dia, goza-se de um sol agradável, que traz boas cores aos edificios aqui construidos, aos barcos mais bonitos e até aos transeuntes que assim beneficiam de uma melhoramento artificial da sua imagem natural. À noite, são os néons e letreiros coloridos que alegram o passeio.
Mas esta está longe de ser a praia mais bonita. Há na região praias com uma outra luz, uma outra vida, uma outra cor. Não muito longe daqui deita-se um areal onde e por quem me apaixonei para a vida. Nunca conheci sentimento de tanta tranquilidade, paz de espirito e familiaridade como ali.
É uma pequena aldeia, não terá mais que 8 ou 9Km2 e 400 habitantes indígenas. Tudo o resto são aves migratórias. Logo na primeira vez que visitei este local fiquei em transe com o encantamento, uma espécie de misticismo e "sentir-me em casa" que me inebriaram. Porque, apesar de contar com os forasteiros para sobreviver, parece manter uma pureza e genuinidade impossíveis de encontrar por estes lados, onde tudo e todos se renderam aos estrangeirismos.
Vive-se um ambiente familiar em que todos se conhecem, naturais e migrantes históricos que desde sempre para aqui acorreram. E apesar da invasão imobiliária, mantém ainda muita da traça original de aldeia piscatória, vestida com um requinte pouco próprio destas artes.
Não é, absolutamente, a escrita que reflecte com objectividade esta minha saudade nem traduz este sentimento, pois só quem lá esteve sabe do que falo.
Talvez por isso não vos convide a visitá-la...por ter medo que se apaixonem como eu e com isso me roubem um pouco daquele lugar. Sim, sou egoista...não o quero para mais ninguém senão para mim e para os que já lá estavam!.

2 comments:

Sofia said...

Hummmconfesso-me que tambem me apaixonei pelo mundo árabe! ;)

Paula Raposo said...

Não faz mal. Existem muitos lugares como esse. Eu escolho outro.