Friday, August 31, 2007

Deixem-me ser...

Fosse eu escritor e seria um grande escritor. Ou pelo menos um escritor grande, tal a quantidade de inícios e finais que já escrevi nestes livros. Cada um escrito com uma caneta diferente, com uma letra personalizada, com um enredo mais amadurecido.
Em cada livro que escrevo, procuro ser sempre o mais fiável possível à verdadeira personalidade de cada personagem e muito feliz me sinto por já ter conhecido tantos e tão distintos uns dos outros.
Não quero ser hipócrita e, contrariamente ao que seria de esperar, não são os finais, o dar a obra por acabada que me dá mais prazer. Nem mesmo o início, em que começamos a conhecer os personagens, o contexto, o enredo. É do desenvolver da história que mais gosto.
De facto, é depois de conhecer todos os intervenientes, pessoas, lugares, experiências, que me começo a envolver na trama. É nesse momento que passo de autor a personagem, tornando-me parte das palavras que vão sendo escritas. E vivo cada uma das situações como se fossem minhas...que na verdade até são a partir do momento em que faço parte da narrativa.
Talvez por isso me custam tanto os finais. Porque apesar de saber que depois escreverei mais um livro, não me quero afastar do actual, não quero deixar de conviver e partilhar desta história. Porque sou um homem do presente, não do futuro nem do passado, não me consolam os sucessos do futuro (como garantia de felicidade) nem os êxitos do passado (como prova de evolução) pelo simples facto de que o que era já foi e o que vai ser ainda não é.
Assim, até escrever um novo livro, recuso-me a viver saudades do passado ou expectativas do futuro. Regozijo-me, sim, pelos bons momentos da história actual e permito-me a tristeza de ter que a finalizar...de uma vez por todas.
Até à próxima história reservo-me, portanto, o direito a ficar triste com o término desta!

2 comments:

Sofia said...

Tiveste longe durante algum tempo mas voltas-te melhor ainda. Gosto da das tuas histórias. Nao percas tempo a ficares triste. Começa uma nova historia sempre que termines outra.

bjs

Paula Raposo said...

Deve ser assim que se sente um escritor.