Thursday, October 11, 2007

O Profeta das Formigas

Costuma dizer-se que só é cego quem não quer ver.
Eu vejo o que tu queres tapar. Como não gostas de flores? Escondes debaixo dessa tua manta velha, a mágoa e o ressentimento que associas ao relacionamento humano, ao desenvolvimento da proximidade e da intimidade, à interacção instintiva entre homens e mulheres.
Sim vejo. Já o tinha visto antes de o dizeres. Sem te saber, já te conheço e prevejo as tuas reacções. Joguei contigo, não por maldade, mas para ter a certeza de que estava certo. E reagiste. Queres ser unica, a principal entre todas. Demonstras essa força, essa indiferença, essa superioridade, esse controlo e autodomínio.
Estendi o indicador e o médio, apontei e acertei-te em cheio na ferida. Conheço bem esse terreno que pisas a léguas de distância, e sou capaz de caminhar sobre ele de olhos vendados. Sabes quantas vezes assisti a esse jogo? Nos camarotes? Nas bancadas? Na arena? Até nos bastidores?
Conheço-o bem. Bem demais até! Já conheci quem o jogasse melhor que tu, com mais requinte, mais frieza e maior capacidade de encaixe.
Toquei-te na ferida e doeu-te..eu sei. Não foi para te magoar, mas para te mostrar que não sou mais um. Para te mostrar que não ganhas nada. Não sou maquiavélico, nem nenhum monstro. Apenas aprendi a jogar esse jogo com alguma dureza. Mas tenho fairplay. Depois compenso-te. Prometo!

No comments: