Tuesday, November 13, 2007

O Segredo Secreto do Grão-Vizir da Loja 8

Nos sapatos, atacadores mágicos que vão às compras sozinhos. E, entretanto, umas folhas de jornal, que esvoaçam pelo chão empurradas pelo vento, vão até ao parque fazer um piquenique. As formigas, que não foram convidadas, resolvem aparecer e começam a jogar ao berlinde. Gritam e esbracejam, fazendo algazarra, e o passeio intervém tentando pôr ordem na confusão.
O dique, que ainda não tinha chegado, veio acompanhado da corrente de ouro, que nos tempos livres gostava de sair do pescoço da ilustre senhora para espairecer. Esta, mãe de uma linda jovem, apreciava música clássica e limpava o pó dos móveis com os punhos da camisola, coisa que a adolescente odiava por lhe riscar as almofadas onde gostava de se deitar a ouvir a relva a cantar acompanhada da buzina.
Era um automóvel recente, desportivo e com ar de miúdo rebelde, aspecto atlético e voz rouca. Só o yogurt o podia conduzir, só ele tinha mãos para o dominar. Mas um dia, um prédio, que ia visitar um amigo, atravessou-se na estrada e foi por pouco que conseguiu evitar o acidente. E desde aí o yogurt nunca mais conduziu. Mas pelo menos, conheceu a viola e até hoje são inseparáveis.
Já o cuzcuz, um marroquino árabe muçulmano com ares de lunático (talvez por gostar tanto da lua) gostava de coleccionar colchões e um dia, numa visita à Islândia, provou um gelado que lhe soube a tinta da china e escreveu um poema a que chamou "a minha mão de pêra-abacate". Diz o candeeiro, que alguém mudou o título e ficou famoso. Soube disto por um avião que atravessou o Atlântico a nado, vindo das Américas, e tanto gostou de o conhecer que acabou por lhe oferecer a sua casa de férias para que lá ficasse sempre que lhe apetecesse.
Não é que a mochila se importasse, mas ter que atravessar todos os dias aquela alameda cheia de iglos chateava-a. Mais pelo barulho que as cadeiras faziam a saltar à corda do que pelos cristais aos encontrões uns aos outros. É que o seu retinir atraía as abelhas que, de tanto sairem à noite, andavam sonolentas e a voar às curvas. O que provocava um zumbido estranho nos ouvidos.
Só os óculos é que adoravam ver a caneta dançar. Os outros bocejavam...afinal já era meia-noite, o telemóvel estava a dormir à muito e o papel estava todo arranhado. O despertador disse então ao candeeiro para se apagar e a janela ordenou à lua que não deixasse o menino sozinho. Só se deveria ir embora quando o sol chegasse.
O pão com queijo despediu-se das telhas, a rua disse adeus ao sr. polícia e a igreja foi lavar os dentes.
Entretanto, sosseguei e disse boa noite ao esparguete. Até amanhã Marco Polo!

3 comments:

Rosa said...

Gosto tanto de perceber que não sou a única maluquinha que anda por aí! :D

Anonymous said...

"não, não...o coelhinho vai com o Pai Natal e com o palhaço no comboio ao circo!"

Paula Raposo said...

Non sense (ou talvez não...) fantástico!!