Nahn Asle era uma menina...que nunca tinha saído da aldeia onde nasceu. Era um sitio pequeno onde todos se conheciam, quase familiar. Todos sabiam de tudo, ajudavam-se mutuamente, conheciam as suas casas e as dos outros.
Nahn era feliz aqui. Além de conhecer os cantos e recantos, estradas e caminhos, montes e vales em redor da sua casa, tinha uma quase total liberdade para sair de casa de manhã e voltar só à noite, passando o dia a correr, a saltar e a brincar. A liberdade era quase total porque, num meio pequeno as pessoas tendem a ser bastante conservadoras, tradicionalistas e gostam que os outros habitantes tenham a melhor opinião sobre a sua familia. Desta forma, eram-lhe impostas algumas regras, nomeadamente sobre os horários das refeições, os locais onde não podia ir (mas onde ia na mesma) e acima de tudo sobre o recolher a casa antes do sol se pôr.
Era feliz...muito feliz até. Tinha um grupo grande de amigos, todos gozando da mesma liberdade e tendo que obedecer ás mesmas regras, mas acima de tudo gostavam todos de fazer as mesmas coisas.
Nahn gostava de pensar em si mesma como um espírito livre e para quem as regras não passavam de imposições sem sentido, próprias de um meio pequeno como aquele em que vivia mas completamente inadequadas a uma personalidade incompatível com limitações que não as que quisesse impôr a si mesma. Os pais tentaram educá-la sob os mesmos principios que haviam recebido, eventualmente amenizados pelas diferenças entre as duas épocas, de obediência e respeito pelos outros e pelos mais velhos. Mas o que Nahn gostava mesmo era de correr pelos campos sem a companhia do relógio nem das regras sociais.
Não se podia dizer, ou pelo menos não era fácil pensá-lo convictamente, que Nahn era uma menina egoísta ou mimada. Na verdade, os seus progenitores, apesar de extremosos e carinhosos, aplicavam a sua lei com rigor e, nalgumas ocasiões, com alguma dureza. Mas mais do que explicarem à filha a razão da existência de tais regras e porque motivo as consideravam necessárias, impunham-lhas pela simples razão de ter sido assim que aprenderam com os seus pais.
Mais do que incutir esses ideais, conseguiram que Nahn crescesse a implicar com regras e a ter uma atitude de desprezo sempre que se via confrontada com elas. Em alguns momentos, terá mesmo agido com uma revolta imatura que culminava numa desobediência consciente, voluntária e propositada.
(continua)
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment