Wednesday, September 22, 2010

Uma história...

Nahn Asle era uma menina...que nunca tinha saído da aldeia onde nasceu. Era um sitio pequeno onde todos se conheciam, quase familiar. Todos sabiam de tudo, ajudavam-se mutuamente, conheciam as suas casas e as dos outros.
Nahn era feliz aqui. Além de conhecer os cantos e recantos, estradas e caminhos, montes e vales em redor da sua casa, tinha uma quase total liberdade para sair de casa de manhã e voltar só à noite, passando o dia a correr, a saltar e a brincar. A liberdade era quase total porque, num meio pequeno as pessoas tendem a ser bastante conservadoras, tradicionalistas e gostam que os outros habitantes tenham a melhor opinião sobre a sua familia. Desta forma, eram-lhe impostas algumas regras, nomeadamente sobre os horários das refeições, os locais onde não podia ir (mas onde ia na mesma) e acima de tudo sobre o recolher a casa antes do sol se pôr.
Era feliz...muito feliz até. Tinha um grupo grande de amigos, todos gozando da mesma liberdade e tendo que obedecer ás mesmas regras, mas acima de tudo gostavam todos de fazer as mesmas coisas.
Nahn gostava de pensar em si mesma como um espírito livre e para quem as regras não passavam de imposições sem sentido, próprias de um meio pequeno como aquele em que vivia mas completamente inadequadas a uma personalidade incompatível com limitações que não as que quisesse impôr a si mesma. Os pais tentaram educá-la sob os mesmos principios que haviam recebido, eventualmente amenizados pelas diferenças entre as duas épocas, de obediência e respeito pelos outros e pelos mais velhos. Mas o que Nahn gostava mesmo era de correr pelos campos sem a companhia do relógio nem das regras sociais.
Não se podia dizer, ou pelo menos não era fácil pensá-lo convictamente, que Nahn era uma menina egoísta ou mimada. Na verdade, os seus progenitores, apesar de extremosos e carinhosos, aplicavam a sua lei com rigor e, nalgumas ocasiões, com alguma dureza. Mas mais do que explicarem à filha a razão da existência de tais regras e porque motivo as consideravam necessárias, impunham-lhas pela simples razão de ter sido assim que aprenderam com os seus pais.
Mais do que incutir esses ideais, conseguiram que Nahn crescesse a implicar com regras e a ter uma atitude de desprezo sempre que se via confrontada com elas. Em alguns momentos, terá mesmo agido com uma revolta imatura que culminava numa desobediência consciente, voluntária e propositada.

(continua)

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