Thursday, November 10, 2005

Era uma vez...


Era uma vez uma mesa. Uma mesa de madeira de carvalho, com um tampo envernizado e quatro pernas. Tinha também quatro cadeiras a condizer. Iam-lhe pondo coisas em cima...livros, dossiers, pastas, pilhas de roupa para passar a ferro, prendas que não sabiam onde arrumar, cadernos de apontamentos com coisas alegres e tristes, os comandos da televisão, maços de cartas por ler e contas para pagar, os trabalhos manuais incompletos...enfim, tudo aquilo que não tinha lugar, era colocado temporariamente em cima dessa mesa. E indefinidamente lá ficava.
A mesa já começara a vergar, sob o peso de tanta coisa, há algum tempo. Um dia uma das pernas partiu-se, mas a mesa não caiu. Ficou titubeando sobre as outras três pernas, sustentanto todo aquele peso acumulado ao longo do tempo. Qualquer toquezinho era o suficiente para a fazer balançar e ameaçava deitar ao chão todos aqueles objectos, que ano após ano lhe foram pondo em cima. Ás vezes, a mais ténue corrente de ar era suficiente para a desestabilizar....mas nunca caíra. E, portanto, lá acharam que podiam continuar a colocar-lhe mais coisas em cima. Até hoje a mesa, apesar de apoiada apenas em três pernas, mantém uma postura esfíngica, um porte altivo...mas quanto tempo aguentará somente com três pernas?

1 comment:

Anonymous said...

Mesmo que fique sem pernas, a "mesa" manter-se-á sempre direita apoiada pelos
tôcos que sobrem, com a mesma força e altivez, porque estas são qualidades
inerentes ao seu "EU de robustez da mesa de carvalho". Não mudam, não
desaparecem com o tempo, nem com o uso nem tão pouco com os carregos que lhe
põem em cima, antes pelo contrário fortalecem-se em cada dia que passa, através
da experiência (pode vergar com o peso, mas não quebra).