Sunday, November 06, 2005

A Vida sorriu a alguém esta noite

Quando Sofia chegou, alguém já tinha chegado primeiro. Invariavelmente, e à semelhança do que havia acontecido quando se cruzaram anteriormente, iniciou-se a dança dos olhares. A principio Sofia parecia mais envergonhada do que habitualmente, pelo que alguém sentiu que as coisas haviam dado um passo atrás.
Todavia, quando menos esperava, Sofia terminou uma dança de forma algo brusca e dirigiu-se a alguém com um sorriso radiante e cumprimentou-o de forma quase efusiva. Era nítida a reciprocidade com que alguém lhe devolveu o cumprimento cheio de doçura. Ao longo da noite desenvolveu-se a troca de olhares tímidos e inseguros de Sofia com os olhares um pouco mais decididos e ansiosos de alguém.
E quando as coisas pareciam não avançar daqui, alguém ouviu um incentivo para a convidar para dançar. Mas faltou-lhe a coragem e conformou-se. Pensou como seria bom se Sofia convidasse alguém para dançar.
Como que respondendo a esse pensamento, Sofia estendeu-lhe a mão e acenou para pista. Convidou alguém para dançar uma kizomba. Alguém aceitou sem hesitar, mas sempre pensando que o nervosismo lhe iria trair a destreza. Como se enganou...
Alguém me confessou que fora a melhor kizomba que já havia dançado. Sofia estendeu-lhe os braços à volta do pescoço e alguém a abraçou, fechando os olhos e dançou como se fosse a ultima vez. Os dois deslizavam perfeitamente sincronizados e em sintonia. A música parecia que nunca mais acabava. Alguém não queria que acabasse.
Mas infelizmente acabou. Alguém agradeceu visivelmente feliz, com sinceridade e um brilho nos olhos o convite que havia recebido de Sofia. Tentou manter uma postura calma, aguardou uma musica e convidou uma amiga para dançar, esperando assim disfarçar a ansiedade em que se encontrava.
Pouco depois, despediu-se de Sofia e voltou a agradecer a dança, ao que Sofia anuiu com a cabeça. Dois beijos face a face e alguém se afastou. Antes de ir embora ainda trocaram dois ou três olhares, desta vez sem timidez nem embaraço.
Alguém me confessou que nunca uma kizomba lhe dera tanta alegria.

1 comment:

Bitchoman said...

Salsapica, desculpa a semelhança com as tuas ideias, mas a verdade é que os teus textos me inspiraram a escrever esta história, apesar de usar um estilo diferente. Piada? Que piada foi essa? (desculpa a minha inexperiência com os teus duplos sentidos...)