Monday, October 25, 2010

Uma história... (cont. 13)

Só a voz de Amoni os acordou do seu transe. Ressoando por três vezes, fez estremecer as paredes e deixou Nahn e Ahmad embaraçados. Amoni tratou logo de os apresentar, algo que pareceu completamente descabido e desnecessário...naqueles minutos em que o tempo parou enquanto se olhavam, ambos leram as suas histórias nos olhos um do outro.
Nem um nem outro sabiam explicar muito bem o que tinha acontecido...apenas sentiram que algo de diferente havia no mundo...algo de muito especial os havia ligado naquele momento, e não ficaria por ali. Como se de repente todas as rodas de uma engrenagem gigante tivessem sido postas em movimento.
Amoni conhecia Nahn há já alguns anos, mas nunca lhe passara pela cabeça proporcionar que ambos se conhecessem, não só porque na sua ideia nunca se lembrou mas também porque Nahn não estava sozinha. Mas a vida tem formas misteriosas de se desenrolar e tudo se sucedeu da forma mais espontânea e inesperada possível.
Apesar de se terem conhecido e de se cruzarem ocasionalmente, os seus encontros nunca passaram de momentos casuais e efémeros. Todavia, a ligação que os uniu a partir daquele instante determinou que a pouco e pouco se fossem conhecendo e a curiosidade de se conhecerem ainda melhor fosse aumentando.
Por ocasião da festa das colheitas, todos andavam atarefados com os preparativos e um acontecimento especial viria a ter lugar para celebrar uma vindima em particular. Amoni ficou encarregue de organizar o evento e, entre muitos outros, também Ahmad foi convidado.
Nos ultimos tempos, Nahn estava a atravessar uma fase menos boa da sua vida, sentindo-se triste e, invariavelmente, sem saber porquê. Andava desanimada e desalentada, sentia-se desmotivada com o trabalho e não tinha sequer vontade de sair de casa. Sentia-se só e a unica vontade que tinha era de isolar-se. Somente esperava que os dias se passassem, uns a seguir aos outros.
Mas a vida tem a incessante capacidade de nos supreender...e é quando menos acreditamos nisso, precisamente quando menos esperamos, que a magia surge e nos maravilha, como a uma criança diante de uma joaninha pela primeira vez.

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