Monday, October 04, 2010

Uma história... (cont. 8)

De racional, Nahn não tinha nada. Não pensava na vida, não se preocupava com o futuro, não pesava as suas decisões antes de as tomar. Vivia ao sabor dos seus desejos, um dia de cada vez, momento a momento, pouco pensando no resto.
Mas Nahn sentia-se....sentia-se a si própria e não gostava de se sentir triste. O que mais queria era sentir-se feliz, tranquila e bem com a vida, todos os dias. E começou a aperceber-se que Basahtr não a completava. A relação desprendida que tinham deixava um vazio por preencher que lhe trazia alguma melancolia. E as ausências constantes e prolongadas de Basahtr só faziam com que Nahn se desligasse cada vez mais...Nahn costumava dizer que não sabia lidar com a saudade. E, como em tantas outras situações, quando Nahn sentia saudade, afastava do seu coração os sentimentos que a prendiam às pessoas. De uma forma fria e silenciosa, esquecia o que estas representavam na sua vida e arrumava-as como fotos num qualquer album de recordações.
E assim fez com Basahtr. Gradualmente, quase sem se dar conta, foi perdendo o pouco que sentia pelo estudante. Os telefonemas diários tornaram-se semanais e, em pouco, foram substituidos por mensagens ocasionais. Também o seu conteúdo se foi perdendo, com conversas cada vez mais circunstanciais e vazias de forma, e mesmo estas deviam a sua débil existência meramente ao conformismo de ambos e à incapacidade de assumirem frontalmente que o que havia entre eles se havia esbatido como as cores das paredes de uma casa há muito abandonada.

No comments: