Thursday, October 07, 2010

Uma história... (cont. 9) ( أحمد إبن فضلان إبن ألعباس إبن رشيد إبن حماد)

Tão desligado estava Basahtr de Nahn, tão pouco valor tinha ela para ele, tão frágil era o que os unia, que Basahtr nem se apercebeu da distância que se criou e cresceu entre eles.
Nahn continuou a fazer a sua vida, e distraídamente foi vivendo cada vez mais como se não tivesse ninguém. Os seus próprios amigos, a pouco e pouco, foram-se habituando a vê-la e a estar com ela sem a presença de Basahtr. Lentamente, e sem o ser, foi-se tornando uma imagem enevoada, como se se tratasse do passado de Nahn.
A verdade, é que Nahn nunca se sentiu parte da vida de Basahtr. Como ela própria dizia, era como um acessório, uma qualquer peça decorativa de somenos importância que Basahtr levava consigo. Como um guarda-chuva ou um casaco que penduramos no bengaleiro ou atiramos para cima da cama quando chegamos a qualquer sitio, e do qual só nos lembramos quando voltamos a sair.
Quando estava com os seus amigos, sem Basahtr, Nahn sentia-se integrada num grupo, sentia-se parte do conjunto, uma peça tão importante e fundamental como qualquer um dos outros. Mas, mesmo assim, faltava qualquer coisa na sua vida...qualquer coisa que os seus amigos não lhe podiam dar.
O Destino, para quem acredita nele, tem uma maneira curiosa, engraçada até, de conjugar uma infinidade de acontecimentos aparentemente isolados e sem qualquer ligação entre si quando observados individualmente, que resultam numa série de outros acontecimentos absolutamente admiráveis e surpreendentes. Tanto mais admiráveis e surpreendentes, quanto parecem depender exclusivamente, ou quase pelo menos, da vontade de cada um. São os caminhos que cada um dos 6.000.000.000 de habitantes deste planeta escolhe, e a interferência que essa escolha tem directa ou indirectamente nos caminhos dos que nos rodeiam, que condicionam a nossa vida.
Era assim que Ahmad ibn Fadlān ibn al-Abbās ibn Rašīd ibn Hammād via as coisas. Acreditava que havia marcos, de maior ou menor importância, na sua vida pelos quais iria inevitavelmente passar. Mas cabia-lhe a ele escolher os caminhos por onde seguiria e que, apesar de determinarem a ordem pela qual iria passar por esses marcos, o levariam forçosamente a passar por todos eles.
E foi precisamente assim, por conjugação de Destino e livre-arbítrio, que a vida de Ahmad acabou por se cruzar com a de Nahn.

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