Tuesday, October 25, 2005

Mundo Paralelo

Embrenho-me no silêncio monocromático do luar. Deixo-me envolver pelo som frio e apático da indiferença. Permito-me ser abraçado por essa neblina gélida de odor acre. O tempo passa por mim, ignorando-me. No peito, sinto uma massa endurecida, petrificada pelas agruras da vida. Protege-me da dor, mas embrutece-me o espírito.
Embalado no vento, sinto-me afastar...para bem longe, onde reina a solidão. A claridade da noite, ofuscada pela impessoalidade e inumanidade, ilumina o vazio a que chamarei casa.
Aqui não há emoções, aqui não há sentimentos. Aqui não há dor. Apenas a mecanização sistemática dos impulsos eléctricos que nos mantêm "vivos". Um cérebro desperto que comanda todos os outros órgãos, mantendo o organismo em actividade e a mente inerte.
Aqui não há pensamentos, aqui não há sonhos. Aqui não há desilusão. Apenas a reacção automatizada às necessidades básicas de sobrevivência: fome, sede, calor, sexo. Um plantio de seres humanóides estáticos que interagem num jogo de peças, cujo único objectivo é a sobrevivência da espécie. A evolução deixou de ser prioritária.
São 03h00 da manhã...acordo suado. Ou não estaria a dormir?

1 comment:

Anonymous said...

Era bom que um dia acordássemos e percebessemos que tudo o que vivemos agora não passou de um pesadelo e que no outro sitio onde estamos tudo era bem melhor...mas se assim fosse...as coisas boas que vivemos neste sonho ou pesadelo não teriam passado disso mesmo...um sonho............