Thursday, August 11, 2005

Forma de Expressão

Gosto de ler...e de escrever. Há muito que descobri a magia de desenhar letras e de as interpretar. E durante muito tempo mantive este prazer adormecido. Talvez porque a vontade me despertasse sempre nas mesmas ocasiões. Talvez porque usasse deste direito para exprimir sempre os mesmos sentimentos. E agora começo a valorizar o esforço que faço para diversificar os temas que escrevo. Nem sempre é fácil, pois nem todos me movem com a mesma força que aquele que primeiro me fez escrever.
Recordo há uns anos atrás, depois da adolescência e antes de me tornar adulto (se é que já o sou) , alguém que incitou em mim o desejo de passar para o papel o que me ia na mente. Meia dúzia de palavras mal ordenadas, a que dificilmente chamaria textos. Uma convicção infantil de que era fácil escrever. Ensinou-me muito do que sei hoje e, graças a ela, amadureci num ano, em nove meses para ser mais exacto (que foi o tempo que durou a maior proximidade da nossa relação) , o que provavelmente me levaria uns três ou quatro anos a conseguir. No fundo, isso representa precisamente a nossa diferença de idades, que naquela faixa etária é bastante significativa.
De forma totalmente desinteressada, ensinou-me tudo o que a vantagem de ir uns anos à minha frente já lhe havia ensinado. Ajudou-me a desenvolver o gosto por ser diferente e demonstrou-me o quanto eu tinha para gostar. Não tinhamos uma relação vulgar, pois entre nós não existia qualquer compromisso. Tudo acontecia, ou não, de forma totalmente natural e espontânea, sem combinações nem marcações.
Lembro-me de no inicio ter sido invadido por uma paixão avassaladora, que me levou a cometer algumas pequenas loucuras, talvez as primeiras dignas desse nome que cometi na minha vida. E aquela relação foi-se desenvolvendo, com óbvios benefícios mútuos, até ao momento eu que eu me sentia preparado para voar e ela para construir o ninho. E então deixei de escrever.
Tenho pena, muita pena mesmo, de nunca mais ter estado com ela. Há dois ou três anos soube que casou. Merecida felicidade. Nunca a esquecerei.
Agora, uma vez mais dominado pelos mesmos sentimentos, mais fortes, muito mais fortes e por outra pessoa, voltei a escrever. Mas desta vez a coisa parece séria. Escrevo mais que uma vez por dia, em média, e já escrevo há muitos dias. As palavras brotam-me da alma como formigas que saem em laboriosa quimera por alimento. Invariavelmente, o tema tem sido sempre o mesmo e, para falar verdade, confesso que até a mim me começa a saturar. Como me satura esta infelicidade constante em que me encontro, como me satura o seu silêncio, como me satura a sua aparente indiferença.
Desta vez, até me deu para criar um blog com o intuito de alguém mais, além de mim próprio, poder ler o que escrevo. Não que acredite que o que escrevo possa ter particular interesse para alguém, mas porque a ilusão de que assim é me faz feliz. Quase tão feliz como quando ela me disse que, apesar de não fazer qualquer comentário ou observação a esse respeito, me continuava a ler...tudo, sempre.
Duas simples palavras que me encheram de alegria e, talvez por isso, agora sofra com o seu silêncio. Por recear que tenha deixado de lhe interessar...eu e o que escrevo. Resta-me assim continuar a escrever para mim e para alguém que um dia me queira (voltar a) ler.

1 comment:

Anonymous said...

Eu leio=) Não da mesma forma como é obvio mas leio=) E sim aquilo que escreves tem interesse e sabes ensinas-me muita coisa.Tenho 16 anos, tenho tanta coisa para viver, para aprender.Apesar de todos insistirem que já tenho muita maturidade ás vezes sinto-me uma criança...cheia de medos e duvidas, sem saber o que fazer da sua própria vida mas sempre a dar opiniões sobre a vida dos outros sempre e só quando eles as pedem. Não sei o que sou.Metade criança metade adulescente?Ou até talvez já um pouquinho mulher? Não sei o que sou, mas sei que ás vezes me apetece voltar a brincar como em tempos e depois já me apetece ser responsável e falar de coisas sérias...É como se tivesse dois eus em mim...

Já me estou a afastar de tudo, mas quando começo a escrever é dificil parar e já falo de tudo menos do que era suposto.

Como já me perdi no raciocínio fico por aqui...
Bjokas**