Saturday, January 28, 2006

O Meu Pomar 2

E tanto chorei sobre este terreno, que os rebentos voltaram a vingar. Começam agora a aparecer pequenos filamentos verdes por tudo quanto é lugar. À primeira vista todos aparentam ser diferentes.
Parecem-me vir aí árvores de fruto, flores, arbustos e erva. Começo a acreditar que afinal o solo não ficou estéril. Surge-me, no entanto, outra grande dificuldade: escolher as plantas vingadoras das ervas daninhas. Ainda que não seja do meu total desconhecimento, o tempo que estive sem conseguir cuidar do meu pomar, apagou da minha mente os parcos conhecimentos que tinha.
Costuma-se dizer que não há fome que não dê em fartura, e a tarefa que agora se ergue afigura-se árdua. Não só terei que adquirir e relembrar os ensinamentos esquecidos sobre jardinagem, como terei que cuidar das árvores de fruto e, distinguindo-as, carpir as ervas daninhas.
Infelizmente, estes conhecimentos só a vida nos dá, não os poderei aprender com ninguém. De qualquer modo, a perspectiva de ver de novo um frondoso pomar é de longe preferível ao deserto que aqui se instalou.
Enfim, mais uma prova a superar e uma lição a aprender: cuidado com aquilo que desejas.

3 comments:

Maria Carvalho said...

O que se deseja tem que ser sempre o máximo! Cuidar do terreno, fazê-lo crescer em árvores, flores, que fique lindo, colorido, cheio de vida, as ervas daninhas, de certeza, não conseguirão dar cabo dum jardim assim!

Anonymous said...

Ora aí está algo que aprendi há muito; "tem cuidado com aquilo que desejas, porque pode realizar-se"!

Joanissima said...

O pomar não dá só alegrias... Mas não te esqueças que, como em tudo na vida, na terra (também) há quatro estações e todas são necessárias e importantes. à ternura da Primavera segue-se a fogosidade do Verão, e depois a delicadeza do Outono e o rigor do Inverno.
De tudo se fazem os frutos.
Com tudo se cresce e se brilha...