E eis agora que, com a cabeça mergulhada nas mãos, surge o arrependimento. De não o ter feito quando pude, mas quando achei que não devia.
Já me sinto só na imensidão deste mar; os peixes já não são companhia. O único ruído que se ouve é o som monótono e repetitivo do motor. Antes, as estrelas era minhas amigas e a lua minha confidente. Agora não passam de momentos de luz encobertos pelas nuvens que deslizam no manto obscuro da noite.
Ouço o silêncio e dou-me conta da ausência do mundo. Apercebo-me de que estou realmente sozinho. Não tenho sequer alguém a quem contar as minhas mágoas. Somente me acompanha o chapinhar da água de encontro ao casco envelhecido e descascado da traineira.
Faço deslizar uma vez mais as redes pela borda fora e deixo as bóias a flutuar. Regresso a casa. Amanhã virei ver se tive melhor sorte...
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3 comments:
O dia seguinte, amanhã, é sempre melhor que o anterior. Tem mesmo que ser...
Gostei muito de ler este texto. Muito bem escrito e descrito.
Adorei este...
beijos e sorrisos contagiosos:)
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